CLEBER BARBOSA
EDITOR DE TURISMO
Ele surgiu com o pomposo nome de o Produto Turístico Combinado Amazônia (PTCA), em 2008, englobando pelo lado brasileiro o Amapá, o Pará e o Amazonas. Pelo lado de lá do Rio Oiapoque, incluía a Guiana Francesa e o Suriname, que seriam as locações para um roteiro internacional para atrair turistas estrangeiros em visitas à Amazônia. Repaginado, recebeu o nome de “P.O. Amazonie”, mais enxuto porém com o propósito de integrar e aquecer a economia do turismo na região do Amapá, Guiana Francesa e o Suriname.
O diplomata do Suriname Dinnesh Ramral visitou Macapá recentemente, procurando autoridades locais, para acertar detalhes da parceria. “Estamos muito otimistas de que esse roteiro integrado com nossos irmãos das Guianas e do Amapá para alavancar a atividade do turismo em nossa região”, diz ele.
Para isso foi editado o “Guia do Baixo Vale do Oiapoque” que apresenta a magia de confluências culturais e sul-americanas, experiências incomuns para se viver, uma degustação das delícias da Amazônia como os produtos das palmeiras (açaizeiros) e a farinha (Couac) de Ouanary, o mel, o Açai e o artesanato de Oiapoque, Saint Georges, Cacao e Café de Vila Velha Tucunaré (peixe) em Calçoene.
Ao longo do ano o calendário fixo indica os eventos, cerimônias públicas, as festividades e encontros das comunidades que você pode compartilhar com a população do vale num contexto de amizade verdadeira.
A ideia é desenvolver um roteiro de nove dias para o turista conhecer os três países, com três dias para cada estada, no Suriname, na Guiana Francesa e no Amapá. Trata-se de um roteiro muito rico e vasto, com histórias diferentes, mas tendo como pano de fundo toda a exuberância da floresta amazônica.
O roteiro “vende” visitas a verdadeiras jóias pouco conhecidas dos grandes centros emissivos de turistas internacionais, como a Cachoeira Maripa e o Parque Nacional da Guiana, na Guiana Francesa, bem como de urnas funerárias como achado arqueológico na chamada República do Cunani, em Calçoene. Com esses fortes apelos históricos, o roteiro se reveste de uma possibilidade para o incremento também do turismo regional, com os moradores dos três países.
A Guiana Francesa e sua trajetória de ser Europa
As primeiras tentativas européias, de que se tem registro, de comércio e povoamento na foz do Oiapoque datam do final do século XVI. A colonização da região baixa do rio Oiapoque, que era ocupada por várias populações indígenas, iniciou somente sob o governo francês de Orvilliers em 1720 com a construção de um posto militar e administrativo, e de uma paróquia.
A Colonização, exclusivamente francesa, estende-se em ambos os lados do rio, do forte de Saint-Louis até a cachoeira de Maripa, próximo aos povos indígenas, onde os colonos ‘traficavam” e onde os jesuítas estabeleceram duas missões.
Sob o reinado de Luis XV, um projeto de exploração de terras situado entre os rios Approuague e Oiapoque, conduzida pela companhia da Guiana e do Senegal (1774-1791), dando origem a renovação do tráfico de escravos e da criação do maior distrito populacional da época, o Ouanary. A montanha do dinheiro, situada na vila do Ouanary, é um lugar fantástico e famoso por seu patrimônio natural cultural.
Suriname é um país de contrastes e uma rica história de luta armada
O Suriname foi primariamente conquistado por espanhóis no século XVI e em meados do século XVII os ingleses estabeleceram-se lá. Embora mercadores holandeses tivessem estabelecido várias colônias na região da Guiana antes, os holandeses não tomaram posse do que é hoje o Suriname até ao Tratado de Breda, em 1667, que marcou o fim da Segunda Guerra Anglo-Holandesa. Em 1863 foi abolida a escravatura e devido a isso começaram a ser trazidos trabalhadores da Índia e de Java.
Depois de se tornar numa parte autónoma do Reino dos Países Baixos, em 1954, o Suriname conseguiu a independência em 1975. Um regime militar dirigido por Desi Bouterse governou o país nos anos 80 até que a democracia foi restabelecida em 1988. É um país de baixa densidade demográfica, com 560 mil habitantes.
A mistura étnica do país evidencia-se nas crenças religiosas do povo. As maiores influências vêm de costumes católicos, apesar de existir fortes traços da religião dos hindus. O desenvolvimento das artes locais diminuiu pelo fato de grande parte da população erudita morar fora do país (principalmente nos Países Baixos), em busca de melhores oportunidades econômicas e também por causa da repressão militar. Contudo, podem se apreciar esculturas que expressam parte da cultura dos índios e da população negra.
O Suriname é um dos principais produtores mundiais de bauxita, tendo sua modesta economia baseada na exploração e no beneficiamento desse minério, do qual se produz alumínio. Da Amazônia deles se extrai a matéria prima da indústria madeireira.
CURIOSIDADES
– A Guiana Francesa ocupa uma superfície de 86 504 km², limitada ao norte pelo Oceano Atlântico, a leste e a sul pelo Brasil e a oeste pelo Suriname.
– Suriname, ou, raramente, Surinão, oficialmente chamado de República do Suriname. É um país medianamente desenvolvido, com renda per capita de US$ 9.500 (dólares por habitante).
1.500
Neste ano ocorreu a primeira expedição pelas Guianas, feitas pelo navegador espanhol Vicente Yáñez Pinzón, que buscava fortunas na região.
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