CLEBER BARBOSA
EDITOR DE TURISMO
O Centro Histórico da cidade de Mazagão Velho recebeu garantias esta semana de que será preservado, para alegria dos moradores e dos entusiastas do turismo naquela comunidade histórica do Amapá. O governador do Estado, Waldez Góes, cumpriu agenda no município de Mazagão, a 32km de Macapá, oportunidade em que vistoriou as obras de revitalização do Centro Histórico Cultural Rozecema Viana Barreto e de ampliação da Escola Municipal de Ensino Fundamental Otávio Caldeira Afonso. Ambas são fruto de parceria entre o governo estadual e a Prefeitura de Mazagão.
Durante a inspeção da obra, Waldez lembrou de outros investimentos em Mazagão, como a inauguração da Ponte Washington Elias dos Santos e as obras de mobilidade urbana. “Nossos investimentos no município sempre foram intensos, mas é preciso dar maior atenção a todo o patrimônio histórico de Mazagão, e, para isto, precisamos ter um ambiente dentro das condições exigidas por órgãos como o Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional]. E esta inspeção técnica busca exatamente isto”, enfatizou Góes. Segundo o governador, o objetivo é inaugurar o espaço em 23 de janeiro, quando é comemorado o aniversário de Mazagão.
História
O autor do projeto do Centro Histórico, que fica no distrito de Mazagão Velho, é o jornalista Gabriel Penha. Ele explicou que o espaço foi idealizado para expor artefatos arqueológicos e adereços relacionados às manifestações culturais do distrito, que é conhecido por suas festividades religiosas, especialmente a Festa de São Tiago, celebrada em julho, com ponto alto no dia 25. “O Centro Histórico será um ponto de referência em Mazagão Velho e permitirá que os turistas conheçam melhor nossa história, além de dar oportunidade para que empreendedores locais comercializem seus produtos. Como filhos da terra, ficamos felizes ao ver esse projeto se tornando realidade”, comemorou o idealizador. Ele acrescentou que o nome Rozecema Viana Barreto homenageia uma antiga moradora da localidade.
O agricultor Luís Fernando Pinto, 46 anos, integra a Associação Cultural da Festa de São Tiago. Para ele, o Centro Histórico surge com o propósito de celebrar a identidade mazaganense. “Esse espaço representará a nossa liberdade, a nossa força, as nossas crenças”, contou o agricultor. Trata-se de uma obra da prefeitura com contrapartida do governo do Estado, o investimento total é de R$151.500, 00.
A saga de Mazagão desde o Marrocos até o Amapá
Com população originariamente descendente da África e de Portugal Mazagão é uma das, senão, a mais importante cidade no contexto histórico do estado do Amapá. A poucos quilômetros de Macapá aproximadamente 35 km, a paisagem atrai os amantes da natureza e as águas dos rios que cortam o município atraem para um banho refrescante ao som dos pássaros que povoam as matas.
História
Sua criação se deu por volta de 1770, às margens do rio Mutuacá por famílias que, em 7 de junho, foram transferidas da possessão portuguesa Mazagão em Marrocos para Belém do Pará e depois para “Vila Nova de Mazagão” criada em 23 de Janeiro de 1770, hoje Mazagão Velho. Do total de 340 famílias, algumas com escravos, que chegaram à cidade de Belém em 1770 e em 1773 foram para Nova Mazagão. Nem todas seguiram o mesmo destino, algumas ficaram na capital paraense e em cidades do interior descumprindo a ordem inicial de se fixarem na nova povoação. Somente 136 famílias chegaram ao destino final.
Colaborou Edgar Rodrigues.
Ocupação das terras portuguesas no país tropical que Cabral conquistara
A saída das famílias de portugueses e dos seus escravos, da Mazagão africana, deu-se em conseqüência da situação de conflito vivida entre cristãos e mouros (islamitas), das terras inférteis e sob a justificativa portuguesa do uti possidetis – o direito de posse a quem efetivamente tiver povoado –, o que garantiria o efetivo domínio português das terras entre o norte do rio Amazonas e a Guiana Francesa (Júnia Ferreira Furtado, professora do Departamento e Programa de Pós-graduação em História da UFMG). Assim, Portugal teria a obrigação do povoar todos cantos do Brasil para continuar a sua soberania na posse das terras “descobertas”. Em 1833, Nova Mazagão perde o seu status inicial de vila retornando à condição de povoado com a denominação de Regeneração, subordinado administrativamente à Macapá. Já em 1890 é criado o município de Mazagão através da Lei 226 de 28 de novembro, com os distritos de Mazagão Velho (antiga Vila Nova de Mazagão e povoado de Regeneração), Maracá e Carvão; limitado pelos municípios de Santana, Porto Grande, Pedra Branca do Amaparí, Laranjaldo Jari e Vitória do Jari.
Tradição
O turismo religioso é marcante principalmente durante o mês de julho, quando acontecem as festividades de São Tiago, com encenações de batalhas travadas entre Mouros e Cristãos com destaque para a aparição de um soldado que, segundo a lenda, destacou-se na batalha levando os cristãos à vitória, esse soldado seria o santo padroeiro da cidade: São Tiago. A festa da piedade é outra manifestação religiosa que atrai muitos turistas, a partir do dia 26 de junho sendo replicada nos distritos e comunidades. De 16 a 24 de agosto a população mazaganense também realiza a festa do Divino Espirito Santo com apresentações de Marabaixo.
CURIOSIDADES
– A origem da toponímia “Mazagão” é controversa. João de Sousa afirma que o nome provem da expressão em língua árabe “El ma Skhoun”, com o sentido de “água quente”
– A versão mais plausível é que o nome seja de origem berbere uma vez que se encontra registado pelo geógrafo Muhammad Al-Idrisi, no século XI, o nome original pronunciado como “Mazergan” com o significado de “amolar”.
1770
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