CLEBER BARBOSA
EDITOR DE TURISMO
Costuma-se dizer que os botos são os primos dos golfinhos. Ná prática, os botos são os golfinhos dos rios, já que golfinhos vivem no mar. E pelo mundo afora é grande o poder de atrair a atenção de turistas do chamado segmento do turismo náutico. Na Amazônia, é grande a procura pela observação dos botos e agora acaba de ser organizado um passeio regular para a contemplação deste seres especiais, carismáticos, brincalhões e muito espertos. A empresa Pirarucu & Cia descobriu um santuário de golfinhos amazônicos, bem na Foz do Rio Pirativa, na margem direita do Rio Matapi, no município de Santana.
O organizador dos passeios é o empresário Raimundo Simeão, 67, conhecido como Muscula. Ele possui uma propriedade rural na região, a Chácara Lorena, onde costumava receber os amigos e familiares para passar os finais de semana e feriados. “Foi então que decidi agregar valor a todo esse potencial e passei a organizar um river-tour pelos rios da região, mas a maioria das pessoas queria mesmo era ir observar a dança dos botos, neste local que os moradores mais antigos nos apontaram”, diz o empreendedor.
Raimundo conta que foi passar uns dias na Paraíba e encontrou lá uma embarcação que lhe chamou a atenção, uma espécie de catamarã, afinal tem dois cascos, mas que se parece mais com um pequena balsa. A partir daí procurou o também empresário Johny Kleber, da empresa Náutica Amapari, que desenvolveu o projeto para um catamarã apropriado para passeios na Amazônia. “Quando ele ficou pronto batizamos de ‘7 Ladies’ que é uma homenagem às sete mulheres da minha vida”, explica, referindo-se à esposa, duas filhas, três netas e uma nora, claro.
E é a bordo do Catamarã 7 Ladies que os passeios são organizados. Com capacidade para 45 passageiros e três tripulantes, tem muita estabilidade e ampla visão para os frequentadores do chamado ‘river tour’. “A gente sai de manhã do Distrito Industrial, no Matapi e percorre os principais rios da região, como o Amazonas, o proprio Matapi, Anauerapucu e o Pirativa, onde estão os botos”, conta Raimundo Simeão.
O bacharel em Direito Claudino Dias, 49, já fez vários passeios com grupos de amigos e da própria família a bordo do catamarã de Simeão. Ele diz que esse é um verdadeiro achado que pode incrementar o turismo receptivo no Amapá. “Primeiro devemos motivar as pessoas que moram no Amapá a conhecerem o que o nosso Estado tem de belo. Depois tem os turistas estrangeiros que vivem à procura de novas atrações e isso a gente tem de sobra é só promover”, ensina Dias.
A lenda do boto alimenta o imaginário popular
A lenda do boto é uma lenda da Região Norte do Brasil, geralmente contada para justificar uma gravidez fora do casamento ou na adolescência.
Os botos são mamíferos cetáceos que vivem nos rios amazônicos. Diz-se que, durante as festas juninas, o boto rosado aparece transformado em um rapaz elegantemente vestido de branco e sempre com um chapéu para cobrir a grande narina que não desaparece do topo de sua cabeça com a transformação.1
Esse rapaz seduz as moças desacompanhadas, levando-as para o fundo do rio e, em alguns casos engravidando-as. Por essa razão, quando um rapaz desconhecido aparece em uma festa usando chapéu, pede-se que ele o tire para garantir que não seja um boto. Daí deriva o costume de dizer, quando uma mulher tem um filho de pai desconhecido, que ele é “filho do boto”.
Essa lenda foi contada no cinema, aliás muito bem retratada, no filme “Ele, o Boto” (1987) com o ator brasileiro Carlos Alberto Riccelli no papel principal.
As espécies de botos conhecidas e que já foram objeto de estudos científicos
Boto é uma palavra portuguesa para designar, de forma geral, golfinhos. Em Portugal, no séc. XX, a palavra acabou caindo em desuso, estando cada vez mais circunscrita às comunidades piscatórias do Norte. No Brasil o boto, também chamado o peixe-boto , franciscano e toninha, é um mamífero da ordem Cetacea, nativo da Amazônia e das costas do Atlântico, Pacífico, Índico, Mar Adriático, Mar Arábico, Mar Cáspio, Mar Vermelho e Golfo Pérsico e que é parecido com um golfinho.
Os botos são dos poucos únicos mamíferos dessa ordem que possuem representantes vivendo exclusivamente em ambientes de água doce, sendo considerados, por alguns zoólogos, como as espécies atuais mais primitivas de golfinhos.
Espécies de botos
– O boto-cinza ou tucuxi (Sotalia fluviatilis, da família Delphinidae) é dividido geralmente em duas subespécies: uma marinha e outra fluvial. A marinha, S. f. guianensis, distribui-se no Atlântico, a partir de Laguna (em Santa Catarina, no Brasil) para o norte. A aquática, S. f. fluviatilis, vive nos rios da Amazônia.
– Phocoena spinipinnis, da família Phocoenidae, é marinho e vive a partir de Santa Catarina para o sul.
– O boto-vermelho ou boto-cor-de-rosa (Inia geoffrensis), da família Platastanidae, de água doce, é endêmico dos rios da Amazônia, e está colocado na categoria “vulnerável” da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.
Também vulnerável (ameaçado no Brasil) é o golfinho-do-rio-da-prata (Pontoporia blainvillei, Platastanidae), marinho, que vive do Espírito Santo para o sul.
Contato da Pirarucu & Cia: 9971-8803 ou 3223-8496.
CURIOSIDADES
– Existem dois tipos de botos na Amazonia, o rosado e o preto, sendo cada um de diferente espécie com diferentes hábitos e envolvidos em diferentes tradições.
– É comum ver um boto mergulhando ou ondulando as águas a distância. Se diz que o boto preto ou tucuxi é amigável e ajuda a salvar as pessoas de afogamentos, mas o rosado é perigoso. – Sendo de visão ineficiente, possuem um sofisticado sistema sonar que os ajuda a navegar
80 anos Essa é a expectativa de vida dos botos.
Deixe seu comentário
Publicidade