CLEBER BARBOSA
EDITOR DE TURISMO
Há muito tempo que o Brasil é evidenciado por sua extensão territorial como indo do Oiapoque ao Chuí. Depois veio aquela discussão geográfica que mais acima estaria o Monte Caburaí, em Roraima, mas até hoje ninguém substituiu o velho clichê de se referir à fronteira do Amapá com a Guiana Francesa como sinônimo de longeva terra brasileira. Mas quem mora em Oiapoque quer fazer jus a essa referência, e por lá só se fala em receber bem quem visita o lugar, especialmente agora com a abertura da ponte.
A maior parcela de turistas vem da vizinha Caiena, assim como de cidades em território francês, como Régina, Kourou e a primeira comunidade na fronteira, a pequena Saint George. Mas também é significativa a parcela de europeus que atravessam o continente para visitar a Guiana Francesa e que acabam cruzando o Rio Oiapoque para conhecer a primeira cidade brasileira.
O professor parisiense Jean-Paul De Clerc decidiu encarar no começo da semana a travessia de catraia para ter o prazer de estar em solo brasileiro. “Oiapoque é cidade pequena, mas muito movimentada e as pessoas parecem sempre felizes, com um sorriso no rosto”, comenta o turista, que não sabe nadar, daí o receio de viajar em pequenas embarcações. A fobia do francês poderá ser resolvida agora que a passagem pela Ponte Binacional está liberada, uma obra de arte em concreto que demorou quase sete anos para ter o tráfego finalmente aberto. O entrave estava na falta de estrutura para a fiscalização da autoridades brasileiras a estrangeiros que tentem entrar no país de carro, o que já conta com uma base mínima.
Primazia – O diplomata brasileiro Sérgio Amaral, que foi embaixador do Brasil na França, foi um dos primeiros a estudar a legislação dos dois países para o lançamento do certame licitatório internacional que levou à construção da ponte. É um entusiasta da obra. “O Brasil mantém com a França, através do Oiapoque, a maior fronteira que a França tem com qualquer outro país do mundo”, evidencia o diplomata.
A vocação turística de Oiapoque pode ser medida com a quantidade de meios de hospedagem, são mais de 100 só os devidamente cadastrados junto ao Ministério do Turismo. Mas ainda há gargalos, como a necessidade de conclusão dos 160 quilômetros sem pavimentação da BR-156 e também a instalação de voos regulares entre Macapá e Oiapoque. Mas quem visita a cidade encontra muitas possibilidades de negócios com jóias, outra riuqueze que grassa por lá. Há bons restaurantes e até uma pousada a beira rio.
Uma história recheada de estratégia e presença
Durante o período colonial, Oiapoque era parte da Capitania do Cabo Norte. Nos primórdios do século XVI, os portugueses da América travam lutas com outros europeus, para estabelecer domínio territorial ao sul do rio Oiapoque – na época conhecido como rio de Vicente Pinzón – e ao norte do rio Amazonas, para expandir os impérios colonizadores que cada grupo representava. Os primitivos habitantes da região são antepassados dos povos Waiãpi, que ocupavam a extensão territorial do rio Oiapoque; dos Galibi e Palikur, concentrados no vale do rio Uaçá e seus afluentes.
Originou-se da morada de um mestiço, em data que não se pode precisar, de nome Emile Martinic, o primeiro habitante não-índio do município. Sabe-se que a localidade passou a ser conhecida como “Martinica”; e, ainda hoje, não é raro ouvir essa designação, notadamente de habitantes mais antigos. Em 1907, o Governo Federal criou o Primeiro Destacamento Militar do município, que servia de abrigo a presos políticos. Alguns anos depois, esse destacamento foi transferido para Santo Antônio, atual distrito de Clevelândia do Norte, com a denominação de Colônia Militar.
De euriopeus a índios, a saga de uma região muito preservada e verde
Para consolidar a soberania nacional sobre as áreas limítrofes, face ao contestado franco-brasileiro, foi, então, erguido um monumento à pátria, indicativo do marco inicial do território brasileiro. O município de Oiapoque está localizado na parte mais setentrional do estado do Amapá. Limita-se ao norte com a Guiana Francesa, ao sul com os municípios de Calçoene, Serra do Navio e Pedra Branca do Amapari. Ao leste é banhado pelo Oceano Atlântico e a oeste faz fronteira com o município de Laranjal do Jari.
O município de Oiapoque está localizado na parte mais setentrional do estado do Amapá. Limita-se ao norte com a Guiana Francesa, ao sul com os municípios de Calçoene, Serra do Navio e Pedra Branca do Amapari. Ao leste é banhado pelo Oceano Atlântico e a oeste faz fronteira com o município de Laranjal do Jari. É composto por uma sede municipal, Oiapoque, e quatro distritos:
– Clevelândia do Norte (área de destacamento militar do exército)
– Vila Velha (área de propriedades agro-extrativas)
– Vila Brasil (serve de apoio aos garimpos infiltrados nas Guiana Francesa)
– Taperebá (área de apoio aos pescadores da costa marítima).
– Outras localidades se distribuem na área geográfica municipal: Ponte do Cassiporé (área de intercessão da BR-156);
– Rio Cassiporé: -É um importante ponto de apoio tanto para o tráfego rodoviário da BR-156, quanto para o fluvial, principalmente para os pecuaristas e agricultores da região, e outros povoados menores (indígenas) como: Manga, Santa Isabel, Espírito Santo, Açaizal, Urucaura e Kumarumã.
CURIOSIDADES
– A palavra Oiapoque tem origem tupi-guarany, sendo uma derivação do termo “oiap-oca”, que significa “casa dos Waiãpi”.
– Existe apenas uma via de ligação com a capital do Estado, Macapá: a BR-156, com aproximadamente 600 km.
– O município foi criado em 23 de maio de 1945, através da lei 7578.
1945
Este é o ano de fundação do município de Oiapoque, que comemora aniversário no dia 23 de maio.
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