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Amapá registra duas mortes por dengue nos primeiros dias do ano

Já foram registrados 73 casos suspeitos de zika vírus


Já foram registradas duas mortes causadas pela dengue no Amapá, uma em Macapá e outra em Laranjal do Jarí,  nos primeiros dias deste ano. De janeiro a dezembro de 2015 ocorreram apenas dois óbitos. O aumento de casos em todo o estado preocupa as autoridades da área de saúde pública. Ouvido na manhã desta quarta-feira, 20, no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9), o coordenador da Vigilância Sanitária do Estado, Emmanuel Bentes, admitiu que a situação é preocupante: “O descaso da população no que diz respeito à prevenção pode levar a uma epidemia não apenas de dengue, mas também de outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, como chikungunya e zika vírus.
 

Médico sanitarista e especialista em saúde pública, Emmanuel Bentes forneceu detalhes do plano de ação integrada lançado no Amapá, que tem a participação de várias instituições públicas e privadas e é coordenado pelo Governo do Estado: “Foi criada uma Sala de Situação na Secretaria de Saúde (Sesa), da qual fazem parte representantes dos três Poderes, dos Ministérios Públicos Federal e Estadual, Vigilância Sanitária e vários outros órgãos públicos e empresas privadas. Nosso objetivo é combater o Aedes egypti e evitar o surgimento de novos focos. Para isso, entretanto, temos que contar com a efetiva participação da população, que deve se preocupar em combater os focos do mosquito em casa. Só assim podemos evitar a propagação do mosquito e, consequentemente, uma grande epidemia”.
 
Emmanuel Bentes ressaltou que há seis meses, ao assumir a Vigilância Sanitária, comandou a realização de um diagnóstico para conhecer a realidade da saúde pública em todo o estado: “A partir desses dados elaboramos um plano de ação integrada e o Governo do Estado chamou para si a responsabilidade, mobilizando parceiros nos 16 municípios para executar esse plano, que tem como principal objetivo vistoriar 100% domicílios do estado à caça do mosquito e eliminando todos os meios favoráveis a reprodução, evitando que eles venham a nascer, porque se impede, não vai ter casos de dengue, que são recorrentes”.
 
Para o coordenador da Vigilância Sanitária, o quadro de proliferação do Aedes egypti e das doenças por ele transmitidas é grave: “A situação é de impacto sob aspecto negativo em todos os setores; no Amapá temos apenas 150 agentes de endemias; os registros de imóveis são defasados desde 2009; para que possamos combater com eficiência o Aedes precisamos de mais 515 agentes; entretanto, graças a uma consciência de união de esforços e diante da gravidade da situação as instituições e os órgãos parceiros estão mobilizados, empenhados nessa luta, como o Exército, por exemplo, que disponibilizou 200 soldados, assim como a Defesa Civil e o governo federal, determinando aos agentes comunitários de saúde que vistoriem os imóveis; teremos também o reforço de profissionais que serão contratados pelo Governo do Estado através de contrato administrativo, com a aquiescência dos Ministérios Públicos Federal e Estadual”.
 
Zika vírus
Emmanuel Bentes manifesta preocupação com relação aos casos de contaminação pelo zika vírus, também transmitido pelo Aedes aegypti: “Felizmente ainda não tivemos nenhuma notificação de microcefalia, mas já temos 73 casos suspeitos de zika vírus. É muito preocupante, porque hoje são cerca de 3.500 casos de microcefalia no país. Esses casos suspeitos estão sendo acompanhados de perto, e estamos aguardando o resultado dos exames que estão sendo feitos no Instituto Evandro Chagas, em Belém. Uma agravante, que nos preocupa ainda mais, é que 80% desses casos são assintomáticos, isto é, a pessoa contrai o vírus mas não apresenta sintomas da doença, o que pode elevar o número de casos”.
 
Para Bentes, o Amapá está na rota das doenças causadas pelo Aedes aegypti: “Como os casos de microcefalia, por exemplo, são registrados com maior incidência no Nordeste, o nosso estado está, sim, nessa rota, considerando que temos colônia nordestina muito grande; 80% do comercio são de irmãos nordestinos; o trânsito é muito grande entre os estados; a principal opção de lazer dos amapaense durante as férias é o Nordeste, além do Pará, onde barcos e navios cruzam fazem essa rota. Por isso, é oportuno o lançamento do Plano Integrado e o empenho do cidadão, que tem a grande responsabilidade de combater o mosquito, se educando, deixando de criar, como acontece, os meios favoráveis para a sua reprodução, passando a cuidar do lixo, colocar tampa de madeira nos poços, tampar o suspiro das fossas com tela, colocar as garrafas de vidro com a tampa para baixo, enfim, cuidar do seu espaço para evitar o surgimento de focos de reprodução”.

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