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Amapaenses condenam ‘barganha’ na votação do impeachement

Economista e ex-deputado federal, Jurandil Juarez diz que troca de votos por transferência de terras da União para o Amapá foi “infantilidade”


Com repercussão negativa para o Amapá em toda a grande impressa, a ‘barganha política’ protagonizada pela bancada do Amapá na Câmara dos Deputados desagradou grande parte dos amapaenses, que se manifestaram através das redes sociais. Durante entrevista concedida na manhã desta segunda-feira, 18, no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9) pelo eonomista e ex-deputado federal Jurandil Juarez, representantes de vários segmentos se manifestaram contra suposto acordo que teria garantido a assinatura do decreto repassando as terras da União para o Estado em troca dos votos de toda a bancada contra o impeachment da presidente Dilma Roussef.

 “Tivemos apenas os votos dos deputados Cabuçu Borges (PMDB), André Abdon (PP) e Marcos Reátegui; todos os demais parlamentares votaram contra o impeachment porque, apesar da abstenção do Vinícius Gurgel, o voto dele beneficiou a presidente Dilma. Todos têm que se conscientizar que a saída da crise passa por mudanças, o que inclui o impeachment da Presidente, porque se ela já não tinha mais condições de governar, agora é que ela perdeu de vez as forças com essa votação expressiva, apesar dos conchavos de bastidores e das pressões feitas pelo Palácio do Planalto, inclusiva tendo alvo a nossa bancada, que infelizmente se curvou à barganha tendo como moeda de troca a assinatura do decreto de transferência das terras da União para o Amapá”.

Para Jurandil Juarez, a ‘barganha’ que teria sido protagonizada pelo Palácio do Planalto e a bancada federal foi um gesto de infantilidade dos deputados amapaenses: “Ora, barganhar tendo como moeda de troca um direito adquirido não passa de infantilidade, porque, afinal, desde 2010 essas terras já pertencem ao Amapá; por isso, o decreto viria de qualquer maneira, natural e legalmente; ademais, tenho a asseverar que a mera assinatura do decreto não garante a transferência, porque tudo foi feito às pressas, sem que tenha sido publico no Diário Oficial, significando dizer que, pelo menos por enquanto, o decreto não existe”, advertiu.

No entendimento de Jurandil Juarez, a vitória do impeachment no Senado já são favas contadas: “Não passa pela cabeça de ninguém que tenha senso crítico que a vitória acachapante na Câmara vai dar o tom no Senado, principalmente porque, por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal) os deputados consideraram apenas as pedaladas fiscais, e já deu no que deu; no Senado, porém, será diferente, porque outras denúncias vão poder ser carreadas para o processo, inclusive aquelas decorrentes da Operação Lava Jato; outro ponto em desfavor da Dilma é o fato de que, se a Câmara admitiu com certa folga a abertura do processo de impeachment, com a exigibilidade de 1/3 dos deputados, imagina no Senado, onde se exige apenas a maioria absoluta, isto é, metade mais um dos senadores”.

Ao analisar os votos dos deputados amapaenses, Jurandil Juarez destacou o posicionamento de José Abdon: “Fiquei muito surpreso, positivamente, claro, com o posicionamento do deputado José Abdon, que votou a favor do impeachment mesmo tendo sido contemplado recentemente com a diretoria de Administração da Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia), em que a irmã dele foi nomeada; entretanto, ele tem como justificativa plausível o fato de que o partido dele (PP) fechou questão contra o impeachment, por isso o caso dele não pode ser considerado como traição”, ponderou.


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