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De ‘luto’, delegados e agentes da PC cruzam os braços em manifestação

Movimento serviu para repudiar decisão do governo de parcelar salários dos servidores. Pelo menos, por enquanto, greve está descartada


Vestindo preto em sinal de luto pelo parcelamento dos salários, o que consideram como ‘enterro’ da Constituição Estadual, delegados e agentes da Polícia Civil (PC) cruzaram os braços na manhã dessa quinta-feira, 31, durante ato de protesto em frente ao Centro Integrado em Operações de Segurança Pública (Ciosp) Pacoval.

De acordo com o delegado Sávio Pinto, presidente da Associação dos Delegados de Polícia do Amapá (Adepol), o ato foi para chamar a atenção do Poder Executivo no sentido de mostrar a importância da polícia no cotidiano da sociedade e, ao mesmo tempo, revelar a desvalorização que o servidor público passa a ter com a medida adotada.

“O governador não demonstrou nenhuma austeridade ao inchar a folha de pagamento do estado com centenas de contratos administrativos e cargos comissionados. Se alguém tiver alguma dúvida disso é só consultar o Portal da Transparência. Temos os números aqui desses contratos e cargos. Ele [governador] deveria dar o exemplo, e não é o que estamos vendo. Se tomou uma decisão sem consultar o servidor, sem aviso prévio, foi um ato extremo e não podemos concordar com isso de forma alguma. Entendemos a crise, mas existem outras formas de enxugar as contas públicas sem sacrificar os trabalhadores ”, disse o delegado.

Sávio Pinto revelou, ainda, que apesar da situação crítica, não se tem indicativo de greve. “Apesar de ser uma ferramenta constitucional, não pensamos nessa hipótese, não pelo menos por enquanto. Mas, não se pode descartar isso futuramente, caso a situação crítica evolua”, declarou.

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Amapá (Sinpol), Elias Rodrigues, também reconhece a crise instalada no país, mas comunga do sentimento de que os cortes não podem ser feitos dessa maneira, impactando diretamente nos servidores.

“O governo não abriu diálogo com os servidores, como havia prometido. Nesta sexta-feira, 1, estaremos deliberando sobre esse parcelamento e outros pontos durante nossa assembleia geral que já havia sido convocada. A Polícia Civil já enfrenta problemas como sucateamento do sistema e contingente reduzido, além de perdas salariais e não pagamento de vantagens como é a questão da insalubridade. Não vislumbramos, ainda, uma greve, pelo fato de que isso iria penalizar ainda mais a sociedade que já sofre com todos os problemas instalados. Isso seria um ato covarde da nossa parte, seria virar as costas para aqueles que já sentem o fardo da corrupção lhe pesar sobre os ombros”, desabafou.

Para o ato, os manifestantes interditaram parte da avenida Guanabara.

Texto: Elden Carlos


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