Última Hora

Erosão ameaça ‘levar’ casas da orla para dentro do Rio Amazonas

Moradores já colocaram suas casas à venda, mas ninguém quer comprá-las por medo


O desabamento de casas no bairro Aturiá, na Zona Sul de Macapá, pode ficar ainda mais preocupante nos próximos anos. Pesquisadores do Instituto Estadual de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) constataram no início deste anos que a força da maré do rio Amazonas provoca a destruição de 0,4 centímetros de terra por mês, o que por ano pode chegar a 4,8 metros. O estudo monitorou por dois anos parte da orla habitada de Macapá, entre o Aturiá e o Canal do Jandiá, na Zona Leste da capital amapaense.

Os casos de desabamentos de imóveis no Aturiá acontecem desde 2008, quando o muro de arrimo que protegia a região foi destruído pela força do rio Amazonas. A Defesa Civil diz que a erosão causada no solo de sustentação das residências provoca o desabamento das casas. Ao menos 70 correm o risco.

Uma das causas apontadas no estudo do Instituto Estadual de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) foi a invasão urbana no próprio rio Amazonas. As residências no bairro Aturiá, por exemplo, é resultado de construções irregulares ao longo da orla.

“O crescente e desordenado avanço da urbanização macapaense, além de causar impactos negativos na orla de Macapá, coloca em risco a população residente devido a dinâmica dos processos costeiros que atuam na modificação e evolução das feições de relevo”, disse Admilson Torres, doutor em geologia aquática do Iepa.

A pesquisa apontou cinco consequências com a erosão causada pelo rio Amazonas na orla de Macapá: o recuo do limite da margem da costa, perda de propriedades e bens públicos e privados ao longo da costa, perda do valor imobiliário de habitações, prejuízos nas atividades socioeconômicas da região costeira, e gastos astronômicos com a reconstrução da orla.

Na orla do bairro Cidade Nova, por exemplo, a erosão avança de forma desenfreada sobre a faixa de terra. O mirante que fica na praça daquela região está sob ameaça de ser levado pelo rio. As casas próximas também estão ameaçadas de serem varridas do mapa.

Enquanto isso, as autoridades não se manifestam sobre o assunto. A obra de construção do muro de arrimo do Aturiá estão paradas.

Já no bairro Cidade Nova, onde a situação é totalmente crítica, nem ao menos um estudo dos impactos causados pela erosão foi realizado.


Deixe seu comentário


Publicidade