Fusão de secretarias causa acirrado debate entre Telles Júnior e Popó
Titular da Seplan e presidente do Conselho Estadual de Cultural trocam farpas. Popó eleva o tom e afirma que máquina pública, inchada, mais parece um baiacu
O secretário de estado Antônio Telles Júnior (Planejamento) e o presidente do Conselho Estadual de Cultura, João Porfírio Popó, protagonizaram um acalorado debate na manhã desta quarta-feira, 6, no programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9), ao repercutir matéria publicada na edição de hoje do jornal Diário do Amapá que descortinou divergências radicais nos setores de cultura e de direitos humanos no que diz respeito à proposta do governo do estado de fundir secretarias das áreas fins. Para Popó, a fusão de secretarias deveria contemplar as áreas meio, iniciando o embate, a partir daí.
Ao questionar Telles Júnior sobre a objetividade e eficácia da proposta de fusão das pastas de cultura e de esporte e lazer, incluindo no processo as secretarias extraordinárias da mulher, afrodescendentes, povos indígenas e da juventude, Popó afirmou que a máquina pública está ‘inchada’ e garantiu que cortes radicais não comprometeriam o seu funcionamento. Ele tomou como exemplo a área meio, comparando-a ao ‘baiacu’ (peixe que tem a propriedade de inchar o corpo quando se sente ameaçada por um predador ou outro fator) e sugeriu que, em vez de atingir as áreas fins, o alvo teria que ser a área meio, propondo, inclusive, a fusão de pelo menos três secretarias: Planejamento, Fazenda e Tributação.
“É inadmissível que a qualquer crise que o governo se defronta, de imediato querem atingir a área fim, dando a entender que temos esse peso todo no orçamento, o que, no mínimo, é um entendimento equivocado, porque na Sedel (secretaria de Desporto e Lazer), por exemplo, temos pouco mais de 100 funcionários; a Secretaria de Cultura tem essa mesma proporção, o mesmo acontecendo com as secretarias da área de direitos humanos, ao contrário do que acontece na Seplan, Sefaz e Tributação, que possuem um número bem mais significativo de servidores, além de contar, cada uma, com três secretários, porque lá elas (as secretarias) têm, além do titular, mais dos adjuntos, que possuem o status de secretário, mais parecendo um baiacu, porque têm a barriga inchada e a cabeça pequena. O que o secretário Telles teria que fazer seria montar um plano moderno de gestão, o que garantiria mais eficiência na máquina pública, e não focar cortes na área fim”, cutucou Popó.
A comparação irritou Telles Júnior, que contra-atacou: “O senhor está faltando com o respeito! Eu exijo respeito! O senhor está demonstrando que pouco conhece da máquina pública e dos planos de governo. Nós temos um plano de gestão realizado em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas, e que está sendo aprimorado…”. Nesse momento, Telles Júnior e Popó elevaram o tom, falando ao mesmo tempo, tornando imperceptível para os ouvintes, mas ficou claro que o embate resvalou em xingamentos, culminando com o desafio feito por Popó:
– Se esse plano de modernização existe, secretário, então mostre para a sociedade, mostre para a imprensa, porque se existe queremos conhecê-lo. Se não existe, um plano de gestão eficiente tem que ser montado, com base na realidade do estado e ouvindo todos os setores da máquina pública.
O presidente do Conselho de Cultura deixou clara a sua insatisfação por conta da metodologia anunciada pelo GEA para cortar os gastos: “A Secretaria de Cultura, que tem à frente o Disney, está fazendo um trabalho maravilhoso, revolucionador, inclusive agora, com a apresentação do Plano de Gestão Estratégica do Ano 2016, recentemente lançado. O plano é inédito na história da cultura do Amapá, e tem que ser implementado, mas, com essa possível fusão, não resta a menor dúvida que sua execução ficaria fragilizada”.
Em tom não menos agressivo, Telles Júnior garantiu que a fusão de secretarias fins não prejudicará a execução de programas: “Tenho absoluta certeza que essa proposta de fusão que, aliás, ainda está sendo analisada, cuja decisão caberá exclusivamente ao governador Waldez Góes, em absolutamente nada impactará de forma negativa a execução dos programas de cada secretaria, de cada setor; pelo contrário, no meu entendimento, esses setores ficarão ainda mais eficientes e mais ágeis”.
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