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Operações da PM geram debate em programa de rádio

Outro ouvinte lembrou que, anteriormente, os policiais do Bope extrapolavam até nos patrulhamentos


O telefonema de um ouvinte na manhã deste sábado, 23, ao programa Togas&Becas (Diário 90.9FM), apresentado pelo advogado Helder Carneiro, provocou amplo debate sobre a atuação dos policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais) e BRPM (Batalhão de Radiopatrulhamento Motorizado) da Polícia Militar (PM-AP) entre representantes de vários segmentos da população, advogados e o comandante do BRPM, coronel Matias.

Um ouvinte, que defendeu a atuação dos policiais, afirmou que os excessos ocorrem, mas é necessário analisar as circunstâncias do evento.

“O problema maior, que muitas vezes causa comoção e revolta a algumas pessoas, é o fato de que a maioria dos bandidos que tomba morta em confronto com o Bope é de menores de idade. Ora, quem deve ser condenado, nesse caso, é o Poder Público, que não executa políticas públicas para evitar que os menores se envolvam em crimes”.

Outro ouvinte lembrou que, anteriormente, os policiais do Bope extrapolavam até nos patrulhamentos, permanecendo com o corpo para fora, apontando armas e intimidando populares: “A situação era essa, onde a intimidação era regra; o Bope ainda se excede em algumas situações, tanto que já vi pessoas que não reagiram e morreram; é preciso rever essa situação, mas muitas vezes o bandido tem que morrer, sim, quando reagir à ação policial”.
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Juiz diz que casos precisam ser analisados individualmente

Presente na bancada do programa, o juiz auxiliar da Presidência do Tribunal de Justiça (Tjap), João Matos Júnior, afirmou que os casos têm que ser analisados individualmente.

“Como magistrado não dá para fazer analise global, mas, sim, caso a caso. Os policiais do Bope e do BRPM fazem parte do estado onde moramos; eles tomam conta da gente; este estado, lamentavelmente, se encontra num grande dilema sob o ponto de vista econômico, isto é, nós temos uma série de obrigações no que diz respeito ao atendimento à população, mas vivemos processo de limitação de investimentos que afetam diretamente as áreas de saúde, educação e segurança; se formos retratar só a segurança não teremos uma visão atual real; as falhas do Bope e do BRPM são por causa da fragilidade do trabalho da polícia que deveria fazer investigação. Quando o Bope e o BRPM chegam a lançar mão dos seus policiais que são treinados para situações extremas, o resultado mais impactante já é esperado, porque eles não atuam como policiais comuns, e sim em situações extremas. Ao Judiciário cabe analisar se houve excesso ou não; não posso dizer que atuação é ruim ou não, e sim examinar caso a caso”, disse.

Advogado diz que há excessos em casos de morte

Entrevistado pela bancada do programa, o advogado criminalista Maurício Pereira concordou com o juiz Matos Júnior:

“Eu comungo com opinião do doutor João Matos, porque o Bope é uma polícia especial, cujos policiais são extremamente preparados; é um grupo de elite da Polícia Militar, com homens muito bem preparados pra situações extremas, e que, por isso, não deveriam ser usados para o policiamento ostensivo, mas está sendo usado e, infelizmente, como se poderia esperar, o resultado tem sido desastroso. O BRPM também está tendo esse papel ostensivo, mas é também uma polícia especial, muito bem preparada; a equipe é muito boa, mas lá há aqueles que têm como filosofia que bandido bom é bandido morto; eu acompanho alguns grupos nas redes sociais onde cada morte é comemorada com a expressão ‘mais uma trinca’, que quer dizer morte de bandido; isso é inadmissível!”

Comandante do BRPM explica ações de unidades especializadas

Por telefone, o comandante do BRPM, coronel PM Paulo Matias, defendeu a atuação dos policiais:

“Nosso papel principal é ostensivo e preventivo, só que em algumas situações nos deparamos com situações extremas em que a polícia vai pra prender, mas é recebida a tiros, e tem que reagir em legítima defesa e no estrito cumprimento do dever legar. Não tenha dúvida, podemos provar, a imprensa de maneira geral faz cobertura das nossas operações; várias situações, como aconteceu recentemente no bairro dos Congós, em que um elemento estava aterrorizando a comunidade, com inúmeras ocorrências, inclusive no interior de ônibus, nas praças, uma viatura do BRPM se deparou com ele, armado; quando ele viu que tinha perdido, isto é, que não tinha saída pra ele, a primeira coisa que fez foi largar a arma e se entregou; efetuamos a prisão e o conduzimos ao Ciosp do Pacoval; porém em outras situações nós somos recebidos a tiros; obviamente há revide porque o policial não tem outra alternativa senão se defender e defender a sociedade, porque sempre que há troca de tiros é dentro da cidade, onde pessoas inocentes acabam sendo alvos, como aconteceu nessa semana na Fazendinha, por exemplo, em que numa troca de tiros entre bandidos o alvo foi a cabeça de uma criança”, comparou.

O comandante do BPRM explicou que, quando há troca de tiros e morte, a Corregedoria apura o caso: “A Corregedoria abre uma sindicância para cada ocorrência; os policiais se apresentam na delegacia, narram o fato, o delegado faz a oitiva naquele mesmo momento, as armas são recolhidas para perícia e toda a situação é apurada através de depoimentos dos envolvidos, de testemunhas e das provas colhidas; caso o Ministério Público se pronuncie pela denúncia, os policiais vão a júri popular, se houver indícios ou se for provado que ocorreu excesso; agora, aquela situação em que não resta dúvida quanto à legítima defesa e estrito cumprimento do dever legal em defesa de si ou de terceiros, o Ministério Público se pronuncia pelo arquivamento, e o juiz analisa esse pedido que pode ser aceito ou não”.


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