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PF descobre plano para matar delegado da PC de Oiapoque

Delegado da Polícia Civil de Oiapoque, Charles Corrêa se tornou um incômodo para os traficantes da região.


No dia 9 deste mês o Diário publicou uma matéria especial sob o título “Polícia Civil combate crimes praticados por ‘coiotes’ em Oiapoque”. A matéria retratou o reforço das operações de repressão a crimes como o tráfico de drogas, tráfico de armas e tráfico de seres humanos na região fronteiriça de Oiapoque com a Guiana Francesa.

Na matéria o delegado Charles Corrêa, titular da Polícia Civil de Oiapoque, relatava que o reforço nas operações se deu, principalmente, pelo aumento crescente de ‘coiotes’ que levam imigrantes clandestinos do Brasil para a Guiana Francesa. O delegado fez revelações sérias e comprometedoras sobre os esquemas que movimentam milhões de reais e enriquecem os traficantes que operam entre os dois países. Para essas ações, Corrêa tem recorrido ao apoio de homens da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Militar (PM).

Responsável por comandar cerca de quinhentas prisões nos últimos quatro anos, principalmente, de traficantes de drogas, armas e seres humanos, Charles Corrêa se tornou uma pedra no sapato dos criminosos que passaram a planejar a morte do delegado da Polícia Civil.

É o que revela o Ofício nº 0190/2015 DPF/OPE/AP, expedido no dia 24 de agosto deste ano pelo Departamento de Polícia Federal (DPF), obtido pelo Diário do Amapá, e que denuncia à Promotora da Comarca de Oiapoque, Neuza Rodrigues Barbosa Leite, um esquema criminoso para matar o agente público.

O plano estava sendo elaborado a cerca de um mês e meio por dois supostos traficantes, cujos nomes foram preservados para não atrapalhar as investigações. Ainda de acordo com o ofício, além do delegado da Polícia Civil o alvo seria, também, um delegado da própria Polícia Federal de Oiapoque.

No mesmo documento a delegada da PF, Lauren Barga Salatino, que assina o ofício, afirma que medidas já estão sendo adotadas para investigar o caso, mas sem detalhar as ações. O delegado Charles Corrêa já havia dito na entrevista sobre a ação dos coiotes na fronteira de Oiapoque que tinha a consciência de ter despertado a fúria dos criminosos que operam os esquemas milionários na região fronteiriça.

“Sei dos perigos, mas não podemos nos acovardar. Se isso ocorrer, então teremos perdido a guerra. Recuar, só se for para tomar impulso”, resumiu o delegado naquela entrevista.

Coiotes

A Polícia Civil (PC) no município fronteiriço de Oiapoque, distante 590 quilômetros da capital, Macapá, aumentou as operações de combate ao tráfico de drogas, armas e de seres humanos naquela região que faz fronteira com a Guiana Francesa, e que tem uma extensão de 730 quilômetros de faixa de terra.

De acordo com o delegado Charles Corrêa, titular da PC em Oiapoque, esse reforço nas operações se deu, principalmente, pelo aumento crescente de ‘coiotes’ que levam imigrantes clandestinos do Brasil para a Guiana Francesa.

“Esses coiotes recebem entre R$ 300 a R$ 1 mil, por pessoa, e seguem por duas rotas. A principal delas tem sido a fluvial. Eles utilizam voadeiras ou grandes canoas de madeira para fazer a travessias desses clandestinos. A viagem pelo oceano – partindo de Oiapoque – dura em média 8 horas. O destino é a Guiana Francesa e o Suriname”, revela o delegado.

Dentro dessas embarcações não existem coletes salva-vidas, a água que eles levam é pouca e a superlotação também é outro complicador durante a travessia, tendo em vista as turbulências no meio do oceano.

Por se tratar de viagens clandestinas, algumas pessoas (coiotes e imigrantes) já teriam desaparecido durante a tentativa de entrar em território francês, mas por falta de informações os casos nunca foram tratados como oficiais.

Outra rota identificada pela polícia é a que sobe pelo rio Oiapoque, vai até a comunidade de Ilha Bela, continua pelo rio Siquini, no sul da Guiana Francesa, chegando à rodovia que dá acesso às cidades de Saint Georges e Caiena. Toda essa operação conta com uma parceria muito forte entre os coiotes brasileiros e os coiotes franceses.

“Temos na verdade uma rede internacional de coiotes. Eles são articulados e tem uma relação muito estreita nos negócios que, na maioria das vezes, é altamente lucrativa”, declara.


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