Repórter fotográfico Samuel Silva morre aos 48 anos
Membro da equipe do Sistema Diário de Comunicação, Samuca falece aos 48 anos de idade
Consternação. É este o clima que passou a experimentar a área de jornalismo do estado com o brusco falecimento do repórter fotográfico Samuel de Jesus Garcia Silva, o Samuel Silva, ou simplesmente ‘Samuca’, como era carinhosamente chamado, ocorrido na manhã dessa segunda-feira, 13. Da equipe de jornalismo do Sistema Diário de Comunicação (Jornal, Rádio, Portal e Revista), ele se preparava em sua residência para mais um dia trabalho quando foi surpreendido por um infarto fulminante, no aconchego familiar, na companhia da esposa Luciane e da filha menor (a outra, ele havia acabado de deixar na escola), que testemunharam os últimos instantes de vida do Samuca.
A notícia do falecimento de Samuel Silva consternou não apenas a equipe do Sistema Diário de Comunicação, como também a grande maioria da população do Amapá, eis que se tratava de uma pessoa pública, extrovertida aos extremos, comunicativa e destemida no cumprimento do dever. Aos 48 anos de idade (iria completar 49 anos no vindouro dia 05 de maio), Samuel Silva era o mais antigo repórter fotográfico em atividade no estado.
Samuel tinha planos: aposentar-se, comprar a tão sonhada casa própria, mas continuar fazendo aquilo que ele mais amava, que era continuar trabalhando, como free lancer, ou montar a sua própria agência, conforme muitas vezes confidenciara aos colegas de trabalho. Infelizmente, quis o destino que esse sonho não se concretizasse ao antecipar sua partida para aquele lugar envolto em mistérios que só se conhece depois da última viagem.
Maranhense de nascimento, Samuel Silva tinha trânsito livre desde todas as esferas do Poder às classes mais miseráveis do estado: retratava com extremada competência, sob todos os ângulos, a realidade contemporânea, sem deixar de recuperar imagens do passado e sem se descuidar da visão de futuro. Samuel Silva parte, mas deixa uma vasta obra de seu trabalho e muitos admiradores de seu estilo fiel às origens da fotografia. Na realidade, ele não era apenas um fotógrafo. Era um artista de olhar apurado que nos deixa um rico acervo de imagens que retratam a cultura do Amapá. Sem dúvida nenhuma, é uma perda pranteada e lamentada.
Uma característica de Samuel: mesmo se rendendo, como todo bom profissional, ao processo digital, ele jamais deixou de exercitar o trabalho fotográfico artesanal, tanto que ele próprio se denominava como ‘um poeta fotográfico’ – e o era, inquestionavelmente.
Embora iminente para todos os seres vivos, a morte, incompreendida, encerra o ciclo da vida material. Samuel Silva parte, portanto, mas deixa um legado que, por certo, será reconhecido por todos os amapaenses, e guardado com carinho na memória de seus familiares e companheiros de jornalismo, reconhecimento esse que, contrariando a regra, começou a ser feito ainda em vida, no ano de 2007, quando da publicação do Decreto Legislativo nº. 0033/07, da Assembleia Legislativa do Amapá, em que, por iniciativa do então deputado Keka Kantuaria, ele recebeu o Título de Mérito Legislativo Profissional Imprensa Osmar Melo.
“Além de um ícone do jornalismo, um grande colega de trabalho”
“Se já é difícil descrever a própria vida, mais difícil, ainda, eu diria impossível, é descrever a morte. Samuel Silva passou a fazer parte do rol daqueles que conhecem essa passagem final da vida. O Sistema Diário de Comunicação perdeu um excelente profissional, mas a equipe, da qual faço parte, perdeu um grande colega de trabalho”.
Com essas palavras, o presidente do Sistema Diário de Comunicação, Luiz Melo, relata o sentimento da perda de Samuel Silva. Para ele, ‘ainda não caiu a ficha’: “Senti falta dele no estúdio da Rádio (FM 90.9) pela manhã (de segunda-feira), pois era ele quem filmava as entrevistas do programa (LuizMeloEntrevista). Logo depois do encerramento do programa, veio a notícia que nos deixou perplexos. Só nos resta pedir a Deus que conforte a família, amparando-a nesse momento de dor profunda”.
Diretora de jornalismo do Sistema Diário de Comunicação, Ziulana Melo recorda momentos da convivência diária com o repórter fotográfico: “Ele era a alegria da redação. Sempre brincalhão e dotado de um raro bom humor, de vez em quando fazia todos rirmos com suas ‘tiradas’ inesperadas, como no último sábado, dia 11, ao definir a morte, com seu jeito puro, às vezes infantil, temperando frase com a costumeira picardia, após outro colega, Douglas Lima anunciar que ‘descobriu’, pela internet (facebook) que vai morrer dia 20 de julho de 2019: ‘Meu amigo Douglas, não se preocupe, não tem nada demais, porque a morte é apenas o fim da vida’. Samuel Silva era irreverente, sim, mas um profissional de primeira linha”.
De ‘retratista’ a um profissional respeitado no jornalismo
inda fotógrafo autônomo, Samuel Silva vivia da profissão, como ‘retratista’, como na época eram denominados os profissionais que ‘tiravam fotografias’ sob encomenda. Ele começou sua carreira como repórter fotográfico no início dos anos 1990, quando o então Editor Chefe do jornal ‘Amapá Estado’, Douglas Lima, o conheceu, vislumbrando nele um grande potencial para o jornalismo. Desempregado e vivendo ‘de bicos’, Samuel Silva aceitou de pronto o convite para integrar a equipe daquele veículo de comunicação. Dali para a lapidação profissional foi um passo.
Douglas Lima lamenta a perda: “Foi embora o meu grande amigo Samuel! Que Deus o guarde. Pai carinhoso, marido atencioso. Chefe de família convicto, Samuel era um profissional da reportagem fotográfica dos melhores que o Amapá já teve em todos os tempos. Tenho a honra de lhe ter descoberto para a imprensa, na primeira metade dos anos 1990, no extinto Jornal Amapá Estado, onde eu era Editor Chefe. De lá pra cá, sempre estivemos juntos. Já no Diário do Amapá, ao longo das duas últimas dezenas de ano. Falar de Samuel dá um livro. E como eu prometi pra ele, este livro sairá com o título ‘As sabedorias do Samuca’. Vai, amigo, com o abraço deste que sempre te amou como irmão, colega e confidente”.
Jornalista, sem conter a emoção, Elden Carlos, também da equipe do Diário do Amapá, fala com carinho de Samuel Silva: “Era eu quem mais convivia no dia a dia profissional com o Samuel Silva, pois era ele que, além de buscar as informações que se transformariam em matérias, dava alma e credibilidade às reportagens, através da fotografia. Não existia tempo ou lugar ruim. E o pior: fui a primeira pessoa a ser contatada pela esposa dele, através de um telefonema, quando ele teve um desmaio. Acionei o motorista da redação e o repórter Elson Summer, que se dirigiram à casa dele, mas antes de chegarem ao destino, houve novo telefonema, informando-me do falecimento. É muito difícil falar de morte, principalmente quando se trata de um profissional da estirpe do Samuel, além de ter sido um exemplo magnífico de ser humano, de companheiro e de pai de família. Perdi meu escudeiro”.
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