Venda de bens pode provocar novo escândalo na Fieap
Um novo escândalo deve abalar a já combalida estrutura da Federação das Indústrias do Estado do Amapá (Fieap), que se encontrada desacreditada junto à Confederação Nacional da Indústria (CNI), da qual não recebe recursos suficientes sequer para pagar seus empregados.
A entidade é presidida pela deputada federal Josy Rocha (Joziane Araújo do Nascimento Rocha), presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Joalheria e Ourivesaria no Estado do Amapá (Sinjap).
O caso agora envolve a venda de todos os bens patrimoniais móveis e imóveis da federação para sanar dívidas, que não são poucas, incluindo acordos trabalhistas não quitados. O ato está sendo considerado ilegal por pelo menos nove sindicatos que prometem denunciar a situação ao Ministério Público do Amapá (MP-AP) e recorrer ao Judiciário para impedir a venda.
O movimento e comandado por José Carlos Bastos Ferreira, presidente do Sindicato da Indústria Alimentar de Congelados, Supercongelados, Sorvetes, Concentrados e Liofilizados do Estado do Amapá (Sindcongel).
No dia 27 de outubro do ano passado, conforme ata registrada em cartório, 11 integrantes do Conselho de Representantes se reuniram tendo como pauta a venda de todos os bens patrimoniais da Fieap para sanar dívidas, “a exemplo do que vem ocorrendo com a União”, e a primeira providência seria a venda de um lote urbano localizado na Rua Professor Tostes 1375, com 18 metros de frente por 30 de fundos.
De acordo com o presidente do Sindcongel, a assembleia foi realizada de forma irregular, pois não houve convocação pública do Conselho de Representantes da entidade.
A assembleia foi presidida por Josevaldo Araújo Nascimento, presidente do Sindicato das Indústrias de Extração de Papel e Celulose no Estado do Amapá (Sinpel). Josevaldo é irmão da presidente da Fieap, acusada de defenestrar da entidade o vice-presidente Ivan Tundelo.
José Carlos Bastos Ferreira disse não ter a certeza de que o terreno ou outros bens da Federação das Indústrias do Estado do Amapá já tenham sido vendidos. “Estamos investigando, pois nada funciona na Casa da Indústria, onde não é possível encontrar documentos. A presidente não aparece lá e tudo é tratado entre ela e o irmão”, disse Ferreira.
Jozy Araújo está na presidência da Fieap por força de liminar da Justiça do Trabalho da Oitava Região, e tem mandato até fevereiro de 2017. Ela é alvo de diversas denúncias, mas o fato de ser deputada federal (eleita em 2014) ajuda a atrasar algumas ações.
A Federação das Indústrias do Amapá não tem a gestão do SESI nem do SENAI, que estão sob intervenção da CNI desde 2013, e chegou a passar nove meses suspensa como filiada da confederação
Segundo José Carlos Bastos Ferreira, o Instituto Euvaldo Lodi, cuja missão é promover o aperfeiçoamento da gestão, a capacitação empresarial e a interação entre as empresas e os centros de conhecimento, contribuindo para a competitividade da indústria do Amapá, está fechado e os empregados com onze meses sem receber salário. Na Fieap, que pouco recebe da CNI, o atraso do salário dos empregados seria de oito meses.
Uma lista obtida pelo Diário do Amapá aponta 20 sindicatos filiados à federação, dos quais pelo menos cinco são entidades familiares e seis estão com os mandatos de suas diretorias encerrados e pendentes de regularização junto ao Ministério do Trabalho.
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