Waldez Góes prevê tempos ainda mais difíceis para o Amapá
Segundo o governador, sem o ‘alongamento da dívida’, que está à espera de votação no Congresso Nacional, toda a população brasileira sofrerá ainda mais daqui pra frente
Em entrevista concedida com exclusividade na manhã desta segunda-feira, 04, ao programa LuizMeloEntrevista (DiárioFM 90.9), o governo Waldez Góes ratificou que o parcelamento de salários dos servidores estaduais não tinha como ser evitado diante do agravamento da crise econômica.
Segundo Waldez Góes, ao contrário do que foi veiculado na imprensa local, os servidores não foram ‘pegos de surpresa’, porque três dias antes de decidir pelo parcelamento, ele reuniu pessoalmente, junto com a equipe econômica, os sindicatos de todas as categorias de servidores. Para Waldez, a situação pode ficar ainda pior, caso o Congresso Nacional não aprove com urgência as medidas econômicas propostas pelo governo federal, como o alongamento da dívida pública, que vai beneficiar diretamente todas as 27 Unidades da Federação.
“A crise está generalizada e temos que implementar uma política de cortes sem precedentes. Antes de decidir pelo parcelamento, poderei muito, busquei com a equipe econômica várias alternativas, sem êxito. Na realidade, o ano de 2015 foi de muitas sacrifícios, e surpresas fiscais inesperadas. Todos imaginávamos em 2016 a crise recuaria, mas lamentavelmente está sendo até pior; foram exatos 1 ano e 3 meses adiando o parcelamento da folha, mas chegamos num momento que não dava mais para adiar; depois do anúncio, fui acusado de pegar todos de surpresa, o que não é verdade, pois três dias antes desse anúncio reunimos todos os sindicatos das categorias p&u acute;blicas e fizemos um relato honesto da situação; pensou-se, até, em deixar para pagar toda a folha no dia 10 de abril, mas resolvi pagar os 60% no dia 30 de março em respeito aos compromissos dos servidores com despesas fixas e pontuais”, esclareceu Waldez.
Para o governador, a crise só vai resolver após o Congresso Nacional aprovar o pacote de medidas econômicas que prevê o alongamento da dívida dos estados: “Veja só, a dívida pública cresce de forma irrefreável todos os meses. Eu já pago R$ 300 milhões por ano de dívidas da gestão passada, mais, claro, o comprometimento de despesas necessárias contraídas para o funcionamento da máquina pública; com o alongamento da dívida, pagaremos apenas 50% do que é pago hoje, aí o estado pode respirar mais aliviado. Com certeza tenho hoje como o principal problema do estado a dívida pública, e nós estamos fa zendo o dever de casa desde o início do atual governo, com corte de despesas, inclusive de custeio, dentro dos limites razoáveis, porque não se pode cortar despesas de áreas vitais como saúde, segurança e educação, por exemplo; passamos todo este final de semana debruçados sobre planilhas e estamos intensificando ainda mais os estudos para efetivar esses cortes”, pontuou.
Quanto às previsões da economia para o decorrer do ano, Waldez Góes demonstrou pessimismo, mas garantiu que todas as medidas estão sendo adotadas para que o Amapá supere as dificuldades: “O país todo está envolto em dificuldades porque os problemas econômicos são muitos; as industrias est]ao produzindo menos e, consequentemente, o comércio está vendendo menos, caindo, automaticamente, a arrecadação do Imposto de Renda, que exerce influência direta nos repasses Constitucionais para o estados; para que se tenha idéia do tamanho do problema, em três mês o Amapá perdeu mais de R$ 200 milhões em repasses, o que representa uma fo lha e meia de pagamento”, relatou.
Greve inócua
Questionado sobre a greve dos professores estaduais já definida para ser deflagrada a partir desta terça-feira, Waldez Góes afirmou que se trata de um movimento sem qualquer sentido, apesar de respeitar a deliberação do sindicato.
“Eu sou sindicalista, também militei muito, já fui oposição e situação na ação politica; tenho a verdadeira dimensão do papel dos sindicatos e dos sindicalistas, e compreendo que eles devem usar instrumentos de pressão para busca a solução de problemas e direitos seus; tenho não só essa leitura, como tenho compromisso com os servidores públicos; só que é forçoso dizer que essa greve não tem sentido, porque a greve é usada como ferramenta extrema quando não há diálogo do governo com as categorias, e esse diálogo está permanentemente aberto; nós conversamos com todos os sin dicatos construindo esse diálogo, mostrando que não apenas valaorizamos como respeitamos o funcionalismo público; a greve se justificaria se o governo tivesse dinheiro para investir em outras ações e não atende o servidor público porque não quer, e não é isso que está acontecendo”.
O governador pediu muita reflexão por parte dos servidores e reforçou os esforços de governo para efetuar cortes na máquina pública: “Essa paralisação não vai resolver o problema, pelo contrário, pode agravar ainda mais, porque temos que levar em conta que uma grande parcela da população que não tem emprego público e, consequentemente, salário, depende dos serviços básicos oferecidos pelo governo; este é um momento que todos, sem exceção, devemos dar a nossa parcela de contribuição, de sacrifício; o governo já está fazendo a sua parte, fazendo o máximo possível de cortes, e durante esta semana vamos anunciar ainda mais cortes; só não esperem cortes nas áreas de saúde, segurança pública e educação, por se tratar de custeio imprescindível, cujos segmentos não podem ficar à mercê da crise”, finalizou.
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