Osmar Júnior
Sol de Primavera
– Um Sol de Primavera virá em breve iluminar as esperanças do Brasil.
É a anunciação de um movimento rumo a um novo horizonte que talvez as ciências políticas teorizem, mas agora começa a aparecer como prática de uma nova mentalidade, que é a organização social que cria um movimento dos cidadãos que querem saber o destino dos impostos que pagamos.
Eu sempre soube que o problema do brasileiro é cultura, porque nós ainda pensamos cultura como somente a arte e a fomentação dela. Acontece que cultura é cidadania também, é quando o povo tem sua parcela intelectual conscientizada, para não passar por bobo da corte, que é como nos veem os políticos de mentalidade medíocre, pois o brasileiro não luta por seus direitos por não conhecê-los e não exigi-los. Isso não vai mais acontecer!
São mais de oitocentos bilhões em impostos que desaparecem, deixando-nos sem serviços básicos, como saúde e educação. Se pagássemos menos impostos viveríamos bem melhor, e o salário daria para nos fazer mais feliz.
A grande verdade é que pagamos com a vida e o sofrimento as regalias dos três poderes, do paletó à moradia dos homens poderosos.
Estão mostrando na televisão pra todo o Brasil ver como funciona a organização escusa de políticos no Brasil; são facções que riem da gente o tempo todo, e se revelam em telefonemas grampeados, e poucos se salvam.
Nessa semana ouvi no programa do meu amigo Ivo Canutti, na Diário, uma entrevista com a jovem Jessica Pereira anunciando essa ideia de conscientização da população mediante a exploração que sofremos todos os dias; trabalhamos mais de 150 dias só pra pagar impostos. Houve uma campanha nacional semana passada promovida pela CDL Jovem, onde a gasolina aqui em Macapá foi vendida sem impostos mostrando à população quanto seria pagar combustível sem os impostos. Pasmem! Sairia por R$ 1,60 o litro. O problema não é pagar imposto, disse Jessica, é receber isso de volta em forma de benefício.
Os homens estão cometendo aquele erro que cometeu a rainha Vitória, a Louca, que disse ao povo da França a frase que lhe levou a ser decapitada: “O povo tem fome? Dê brioches a eles”.
Temos que dar um jeito de decapitar as verbas desses vampiros do poder, e suas cabeças doentias.
Um Sol de Primavera anuncia um Brasil mais culto, um Brasil que cansou de ser enganado.
Osmar Jr.
Mágica canção para a humanidade
Particularmente, acredito em uma bela canção que lapide o espírito humano, em pelo menos boa parte.
Criamos uma sociedade doente, exposta a um mix cultural de fim dos tempos, digo, o início de uma nova ordem, onde o caos social renova o pensamento. Afinal, temos que tirar a venda hipócrita dos olhos e ver a realidade de tudo.
A corrupção; a franquia religiosa; a tão antiga pedofilia; o culto à violência; o neonazismo das facções da droga; o consumismo da classe B e seus revoltados; a impaciência mal educada do trânsito; o estrago de alimentos nas refeições viciadas; a fome; o lixo; o roubo do céu por cristãos, muçulmanos e judeus; a fanática obsessão da mulher e do homem pelo culto ao corpo siliconado, anabolizado, atrofiado, seja o que for; o câncer; a Aids; o racismo e a homofobia; o vício e a irracionalidade animalesca dos black-blocs.
– Que água lavará o pecado de termos desejado o céu? Só um dilúvio ou muito fogo ou uma canção como a do flautista de Hamelin que leve os ratos e os afoguem no mar.
Uma canção magica, que entre pelos ouvidos da alma, e nos torne mais humildes, mais gentis, uns com os outros, uma receita social que nos salve do mal, que nos faça beber sem fanatismo e sem frescura do vinho de Kalil Gibram, profeta Gentileza e Jesus Cristo.
Bom domingo, Osmar Júnior
Oh rio, nada mais tenho pra cantar
Agora vai aparecer um monte de gente chorando sobre o leite derramado. Os rios Araguari e o Piratuba perderam suas forças; suas rotas migratórias de peixes, sua água doce e propriedades fantásticas como a pororoca. Nada mais a música pode avisar, nada mais tenho pra cantar sobre esses santuários profanados.
Todo esse prejuízo passou sob os narizes empinados de nossos pobres políticos que podiam exigir do governo federal pelo menos mais cuidados técnicos, mais eficiência no trato com o meio ambiente e mais benefícios para a população do Amapá.
O estado do Pará caiu nas mesmas historinhas de impacto ambiental, e agora suas populações tradicionais sofrem. Aqui, os técnicos deram um parecer a favor desses projetos que serão energia para o país, ao qual parece que não pertencemos. Sempre cantei isso também.
Os fazendeiros não querem pagar pela cerca que pode salvar o Piratuba, para o gado já descontrolado não arrasar com tudo. Sejamos francos: o governo federal e essas empresas poderiam resolver essa sacanagem que fizeram com a gente, como forma de aliviar nossas dores. E que seja a última. Tenho falado aos povos indígenas que vamos precisar pegar em armas se quiserem um dia exterminar nossos rios e reservas. O Araguari é o Cristo, e que não venha acontecer com outros rios, como o Calçoene, por exemplo. Precisamos crescer, sim, mas com inteligência.
Pra mim, o Amapá sempre foi roubado, injustiçado e projetado para o Brasil com os mais ridículos resultados de pesquisas e imagens, como se o país não tivesse seus podres. Existe uma conspiração voluntária ou involuntária que quer manter o povo dependente de currais políticos. O que vamos fazer com nossos filhos depois que saírem das faculdades? Empregá-los no estado ou município? Como podemos ter tanta esperança, através de nossas canções que acreditam em um estado a partir do turismo ecológico e da cultura para viver bem, para ser mais bonito?
O maior dos emblemas de nossa incompetência politica é o que acontece com o rio Amazonas, que é agredido por nossos dejetos o tempo todo. Salvem o grande rio! Essa é nossa maior responsabilidade com água e com nós mesmos, pois a natureza é o espírito de Deus.
Peço ao povo que nasceu aqui, e ao povo que abraçou o Amapá como terra sua e de seus filhos: pelo amor de Deus, não deixem que nos vendam, que nos destruam, pois nada mais tenho para cantar.
Bom domingo.
A homilia da roseira
Respondendo, Deus falou, através da homilia do frei capuchinho Martinelo, na Missa de um domingo desses: “Cristo morreu em sacrifício por nossos pecados; com isso venceu a morte”. E é esse o sentido da vida, vencer a morte, a morte física é inevitável, certa, o destino do rico e do pobre, do branco e do preto, do belo e do feio, do Edir Macedo e do papa Francisco. Enfim, a bela e boa morte que nos livra do peso da velhice, das doenças, das dores do mundo – é um afago de Deus.
Há quem morra espontaneamente, como a moça americana que conseguiu na Justiça licença para o suicídio, pois não quis sofrer as dores do câncer. Existe morte prematura, acidental, morte por ladrões de vida, e há quem morra de amor.
Vivemos lado a lado, todo tempo com ela. Pode ser que continuemos esse purgatório quando passarmos para outra com nosso egoísmo, nossa frieza perante a vida, nossa pouca vontade de evoluir espiritualmente. Isso é o verdadeiro inferno na alma. O homem quer ser salvo com sua consciência de vida atual, não percebe que a maior parte dessa consciência é adquirida durante a vida vivida, ou seja, não vem conosco, não percebemos que o espírito em sua origem é como uma criança, puro. Então sejamos crianças, sejamos como nascentes de rios. Vamos fazer tudo pra ser feliz. Acredite na roseira, pois você é uma flor que cairá e dará lugar a outra flor, mas a roseira estará lá e devemos zelar por ela, fazer o melhor possível.
Outra forma de espiritualidade é o sangue, porque dentro de você mora todos os seus ancestrais, seus fantasmas, seus dons, pois seu dom e seu sangue vêm de longe e vão para longe no tempo. Converse com seus ancestrais, e você ficará maravilhado com as respostas.
– Será que vamos conseguir nos cultivar como em hortas? Será que vamos virar robôs e ver um pouco mais da vida? Ou temos um limite espiritual que não suporta viver mentalmente mais do que devemos?
– Quero lembrar que a consciência ecológica é uma espiritualidade importante para que esta “civilização” não seja extirpada deste planeta mais uma vez, porque a terra é um ser vivo e nós estamos mais para piolhos perturbadores do que para filhos de Deus. Somos uma praga, nós e nossos carros, nossas fábricas, nosso consumismo, nosso materialismo exacerbado. Todos os mistérios do mundo antigo dizem que precisamos evoluir socialmente, tecnologicamente e ecologicamente. Nossos foguetes caem, a religião é uma empresa de providencialismo, o fundamentalismo nos atrasa, não compreendemos a Bíblia a partir da evolução, só esperamos por bens e salvação, não fazemos nada pelo o amor de Deus, pobres de nós. Jerusalem é promessa de guerra. Não temos paz e não damos paz a esse planeta, e queremos um paraíso no céu, como? Temos paraísos na terra e os destruímos. O verde ainda queima aqui, que venha então a chuva, uma chuva de consciência ou para lavá-la, uma chuva paulista, uma chuva amazônica.
Precisamos diminuir a emissão de gases até o fim deste século, e colocar em prática as fontes de energia renováveis. O combustível fóssil é uma máfia, não nos deixa evoluir, e nós vamos sofrer as consequências disso. Podemos ser mortos por nossa ignorância, e essa é a pior morte, a morte do humanismo. Então, ouça essa canção: é o amor de Deus que toca em nossa alma o tempo todo. Porque eu não sei de nada melhor que o verde pra dar vida, simples assim. Ele vale a vida na terra. A roseira.
Bom domingo, Osmar Jr.
A fonte da vida
A represa de Guarapiranga, que abastece cerca de 20% da região metropolitana de São Paulo, está quase seca. Isso é uma profecia que há tempos anuncia uma situação caótica no Brasil, porque esse reservatório rega toda a produção agrícola e pecuária do Sudeste, que abastece a maior parte do país, e São Paulo é o coração econômico do Brasil, e cresceu desordenadamente. As chuvas da Amazônia é que molham essas paragens. Por aqui tem água em abundância, e isso é mais um motivo para a cobiça deste chão puro e fecundo, até então nariz do mundo. Tenho cantado nas minhas canções que seremos invadidos por um cavalo de tróia vindo para soterrar nossos rios e nossa cultura. É claro que pertencemos ao Brasil e vamos ter que lhe alimentar de energia e outros recursos. Mas a pergunta é: Estamos preparados politicamente para enfrentar essa invasão que vai passar como rolo compressor por cima de nossa natureza e nossa cultura? Quantos terçados vamos ter que esfregar na cara dos caraíbas? Como fez a índia lá em Belo Monte, sabendo que perderia as terras de seus ancestrais. Se é necessária a energia, é necessário também que os senadores e deputados daqui não nos deixem ao relento, e comecem a pensar em políticas ambientais que nos protejam desse vendaval de tratores, mesmo que tenhamos a glória de ter nossas reservas. Que benefícios teremos dessas hidrelétricas? O preço da tarifa de energia está pelo pescoço, e esses projetos deveriam nos isentar de pagar energia e trazer muitos benefícios sociais. A energia que ficará suprirá nossa necessidade, inclusive de desenvolvimento industrial? E o rio Araguari? Qual o real impacto ambiental?
Temos que buscar novas energias alternativas e muita educação ambiental; temos que aprender a respeitar a natureza. Quando cheguei na vila do Sucuriju, na costa norte do Amapá, deparei com um enorme catavento de energia eólica e também uma supercisterna de água doce construída por um padre para minimizar a carência do povo. Pensei: veja só onde moram as grandes ideias do homem. Mas vi também fazendeiros de famílias daqui, cuja criação de búfalos está destruindo a Reserva do Piratuba.
Lembrem-se de cobrar dos senadores a defesa de nossa costa com petróleo e pescado, que na teoria também é nosso. Temos que receber algum benefício por isso. Cuidado com a nova moda política do Amapá, que é importar tudo de Belém, inclusive mão de obra especializada, como se nossas faculdades não formassem jovens capazes.
Sem representação política, entregaremos o ouro ao Pará.
Nosso rio mar continua servindo de esgoto; precisamos plantar árvores e hortaliças em frente das nossas casas, flores também, para que lembrem de nosso amor por essas cidades.
Não tenha vergonha do Amapá. Faça como eu, que tenho orgulho, pois sei que meu povo é dono de um sorriso gentil e mentalidade política extraordinária. Onde houver luz nós vamos buscá-la.
Esta terra é a terra de meus ancestrais. Aqui plantamos nossas vidas regadas por esses rios, sob o Sol do Equador e o céu bem azul do Amapá.
Um domingo de paz, Osmar Jr.
O Amapá e sua memória
O homem em sua essência é um Deus. Não sabemos qual a idade de Deus, só sabemos duvidosamente da idade desta natureza que vivemos agora, ou seja, uma estrela explode e espalha pelo universo elementos essenciais à criação de um planeta, e o planeta gera seres, e aí só uma espécime evolui com inteligência divina, com espírito, com voz e mãos habilidosas para construir, plantar e fazer obras de arte.
O que é a arte?
Dizem que a arte é parte da vadiagem. Concordo, pois impossível é pensar nas coisas divinas sem se estar em estado de meditação.
Tudo isso nos faz a seguinte pergunta: Pra que serve a cultura?
A cultura é o que o homem produz, memoriza e expõe sobre sua existência, sua evolução científica e espiritual, pois esse barro essencial planeja e constroi tudo que é necessário para a sobrevivência humana na vida do planeta.
Falo isso pra poder pedir ao poder público a nossa memória e a preservação dos valores humanos que fazem e fizeram sua parte no que se refere à identidade científica e cultural do Amapá, que está a cada dia mais vazio.
E esse vazio pode nos transformar em um campo triste e infértil, onde não brotará nem soja nem sorrisos, um campo seco, sem verde, sem vida e sem arte.
Bom domingo.
Oh rio, nada mais tenho pra cantar
Agora vai aparecer um monte de gente chorando sobre o leite derramado. Os rios Araguari e o Piratuba perderam suas forças; suas rotas migratórias de peixes, sua água doce e propriedades fantásticas como a pororoca. Nada mais a música pode avisar, nada mais tenho pra cantar sobre esses santuários profanados.
Todo esse prejuízo passou sob os narizes empinados de nossos pobres políticos que podiam exigir do governo federal pelo menos mais cuidados técnicos, mais eficiência no trato com o meio ambiente e mais benefícios para a população do Amapá.
O estado do Pará caiu nas mesmas historinhas de impacto ambiental, e agora suas populações tradicionais sofrem. Aqui, os técnicos deram um parecer a favor desses projetos que serão energia para o país, ao qual parece que não pertencemos. Sempre cantei isso também.
Os fazendeiros não querem pagar pela cerca que pode salvar o Piratuba, para o gado já descontrolado não arrasar com tudo. Sejamos francos: o governo federal e essas empresas poderiam resolver essa sacanagem que fizeram com a gente, como forma de aliviar nossas dores. E que seja a última. Tenho falado aos povos indígenas que vamos precisar pegar em armas se quiserem um dia exterminar nossos rios e reservas. O Araguari é o Cristo, e que não venha acontecer com outros rios, como o Calçoene, por exemplo. Precisamos crescer, sim, mas com inteligência.
Pra mim, o Amapá sempre foi roubado, injustiçado e projetado para o Brasil com os mais ridículos resultados de pesquisas e imagens, como se o país não tivesse seus podres. Existe uma conspiração voluntária ou involuntária que quer manter o povo dependente de currais políticos. O que vamos fazer com nossos filhos depois que saírem das faculdades? Empregá-los no estado ou município? Como podemos ter tanta esperança, através de nossas canções que acreditam em um estado a partir do turismo ecológico e da cultura para viver bem, para ser mais bonito?
O maior dos emblemas de nossa incompetência politica é o que acontece com o rio Amazonas, que é agredido por nossos dejetos o tempo todo. Salvem o grande rio! Essa é nossa maior responsabilidade com água e com nós mesmos, pois a natureza é o espírito de Deus.
Peço ao povo que nasceu aqui, e ao povo que abraçou o Amapá como terra sua e de seus filhos: pelo amor de Deus, não deixem que nos vendam, que nos destruam, pois nada mais tenho para cantar.
Bom domingo.
Sobre musas e poetas
Claro que as musas fazem parte da construção com a qual se compõe uma canção ou texto poético, mas elas podem nunca ter mantido contato com o autor, ou nem terem existido, assim como podem ser a mais pura verdade. Na antiguidade, dizia-se que eram as musas, deusas celestes, que enviavam melodias para os músicos.
Explicar isso aos pares é fundamental para a atividade artística e a convivência, caso você seja um ser da arte.
Mas é duro você ver alguém ignorar um processo de criação e comportamento e se transformar no principal bloqueador de trabalhos artísticos. Dependendo das limitações mentais, há quem queira simplesmente matar a arte dentro de um artista e transformá-lo num pastor evangélico, se bem que grandes religiosos foram grandes poetas, como Augusto dos Anjos, por exemplo, e ainda temos hoje o belo padre Fábio de Melo, o padre Zezinho e muitos cantores pastores evangélicos muito bons.
Os artistas omitem sobre muitas coisas, musas, ideias, revoltas, angústias, como em um país sem liberdade de expressão, uma prisão; simplesmente camuflam sentimentos em metáforas estapafúrdias, mas também podem chutar o pau da barraca, e se tornarem solitários inimigos de muita gente. Por isso na história desses homens tinha tanta solidão, amores perdidos, cartas a amantes guardadas em velhas gavetas, paixões, romances secretos, versos sobre governantes, reis, líderes hipócritas desmascarados através de canções de escárnio em suas verdades já tão conhecidas do povo silencioso.
Como o poeta Gregório de Matos Guerra em Salvador que escandalizava o governador conhecido como braço de prata. Sempre lembro dele mais do que dos poetas amigos do rei.
Alguns poetas declaram seus vícios, suas orgias, e todos os pecados por eles cometidos; sabem que mesmo os homens mais arrependidos vão gritar alto seus pecados no dia de sua morte, e esse mal, a hipocrisia, poetas não querem levar para o túmulo, e se levarem vão doer mais que a morte e suas agruras; vão doer em suas obras, por isso procure ler as entrelinhas de grandes poetas, é mais divertido que videogame, garanto.
Essas histórias de poetas, pintores, músicos que tinham casos de amor proibido com marquesas, duquesas e outras damas, e que nunca poderiam ser vividos por conta das diferenças sociais e sanguíneas, ou por conta dessas mulheres serem casadas com nobres homens da corte, deram origem a grandes obras.
Nos dias de hoje tento não mentir, mas acaba me custando algumas desavenças em casa, mesmo que eu cante alguém que simplesmente é distante, fictício, alguém que faz parte somente dos meus olhos ou dos meus sonhos. Sou um pretenso poeta trovador que canta esta terra e esta gente, mas o amor cruza meu caminho de uma forma ou de outra, e a minha reação é cantar, escrever as linhas da minha vida e descrever essas musas; todas são deusas nesta ou em outras dimensões, são fontes de inspiração as quais agradeço pela divina beleza e poesia.
Bom domingo
A profecia da cobra mundiada
Ela é Honorato, é Sofia, é Madalena, espia no centro da floresta misteriosa com suas narinas para fora do pântano; ela sabe de tudo lá de longe, porque de tão velha e gigantesca, é parte desta terra, mãe da mata, atrai o que quiser.
Ela é com um hacker, um poder que percorre as mentes, hipnotiza, atrai, come e se satisfaz com a vida natural, traduzindo para o mundo digital que os poderes de Deus é que ficam.
Não ficará pedra sobre pedra, computador sobre computador.
Somente um assovio de vento soprando no deserto, carcaças em silêncio, ferro retorcido. Depois do caos a mata volta a dominar.
A serpente sabe que se a humanidade não estiver no rumo certo, vai ser extirpada; não pode ser nem muito mística nem muito tecnológica. Tem que ser na medida de Deus.
A cobra renasce e olha o reinício; ela é kundaline, morde a própria calda e mostra que tudo é um ciclo, tudo se acaba, civilizações desaparecem. Essas entidades também estão sendo mortas em seus santuários.
A bela num programa da televisão subestimava a sucuri enorme que para os índios é sagrada, que para as lendas é mistério. A mulher e a serpente, novamente, uma brincadeira entre seres com o poder nos olhos. Se uma bela mulher te olha, você esta perdido, mundiado.
E nos projetos que estão invadindo as reservas onde esses animais têm o direito de viver, as sucuris são desmistificadas e assassinadas.
Agora é a serpente que está mundiada, está perto das cidades, porque as cidades estão invadindo os mundos, invadindo as almas, por isso as selvas de concreto e ferro desaparecerão, a serpente não, nem a mulher, Deus queira.
A humanidade pensa sincronizada quando as divindades liberam ideias. Parece que um caos se aproxima, água, energia e emprego faltarão; a violência e a corrupção são um câncer que se espalha a cada tempo. A droga, a saúde pública e novas pragas e doenças são grandes nuvens negras formando tempestades.
Entre tudo isso, o amor pelo qual Jesus foi pregado.
Tudo isso viu a cobra, e me disse.
Ótimo domingo.
Oh rio, nada mais tenho pra cantar
Agora vai aparecer um monte de gente chorando sobre o leite derramado. Os rios Araguari e o Piratuba perderam suas forças; suas rotas migratórias de peixes, sua água doce e propriedades fantásticas como a pororoca. Nada mais a música pode avisar, nada mais tenho pra cantar sobre esses santuários profanados.
Todo esse prejuízo passou sob os narizes empinados de nossos pobres políticos que podiam exigir do governo federal pelo menos mais cuidados técnicos, mais eficiência no trato com o meio ambiente e mais benefícios para a população do Amapá.
O estado do Pará caiu nas mesmas historinhas de impacto ambiental, e agora suas populações tradicionais sofrem. Aqui, os técnicos deram um parecer a favor desses projetos que serão energia para o país, ao qual parece que não pertencemos. Sempre cantei isso também.
Os fazendeiros não querem pagar pela cerca que pode salvar o Piratuba, para o gado já descontrolado não arrasar com tudo. Sejamos francos: o governo federal e essas empresas poderiam resolver essa sacanagem que fizeram com a gente, como forma de aliviar nossas dores. E que seja a última. Tenho falado aos povos indígenas que vamos precisar pegar em armas se quiserem um dia exterminar nossos rios e reservas. O Araguari é o Cristo, e que não venha acontecer com outros rios, como o Calçoene, por exemplo. Precisamos crescer, sim, mas com inteligência.
Pra mim, o Amapá sempre foi roubado, injustiçado e projetado para o Brasil com os mais ridículos resultados de pesquisas e imagens, como se o país não tivesse seus podres. Existe uma conspiração voluntária ou involuntária que quer manter o povo dependente de currais políticos. O que vamos fazer com nossos filhos depois que saírem das faculdades? Empregá-los no estado ou município? Como podemos ter tanta esperança, através de nossas canções que acreditam em um estado a partir do turismo ecológico e da cultura para viver bem, para ser mais bonito?
O maior dos emblemas de nossa incompetência politica é o que acontece com o rio Amazonas, que é agredido por nossos dejetos o tempo todo. Salvem o grande rio! Essa é nossa maior responsabilidade com água e com nós mesmos, pois a natureza é o espírito de Deus.
Peço ao povo que nasceu aqui, e ao povo que abraçou o Amapá como terra sua e de seus filhos: pelo amor de Deus, não deixem que nos vendam, que nos destruam, pois nada mais tenho para cantar.
Bom domingo.