Ulisses Laurindo
Voleibol masculino (XVII)
Ao longo de toda a série sobre os medalhistas de ouro do Brasil em Jogos Olímpicos disse que iria falar muito do voleibol e suas várias conquistas dessa modalidade, que começou a ser mostrada ao mundo a partir de 1984, em Los Angeles, com a conquista da medalha de prata, com uma geração de jogadores ainda hoje lembrados na história do esporte da rede. Nessa vitória, destacaram-se jogadores com Bernardinho, Bernard, Domingo Maracanã, Montanaro, Fernandão, com legado dos quais se aproveitaram as gerações seguintes, com o primeiro ouro, em Barcelona, em 1992.
Agora chegou a hora de se festejar o segundo ouro pela equipe que tinha no elenco 12 campeões dirigidos por José Roberto Guimarães , que tinha sob seu comando Anderson, André Heler, André Nascimento,
Dante, Giba,Giovani, Gustavo, Mauricio, Nalbert, Ricardinho, Rodrigão e Sérginho. Já sob o comando de Bernadinho, a seleção masculina obteve ainda duas medalhas de prata, em Pequim. 2008 e Londres, 2012, com quase o mesmo elenco da conquista de 2004
Destacamos os campeões que brilharam nas quadras e, por questão de justiça, é bom lembrar a ação de José Roberto que foi jogador de vários clubes brasileiros e também no exterior. Aos 22 anos integrou a seleção que foi a Montreal, Canadá, em 1976, e para melhor se preparar passou 40 dias treinando no Japão. Zé Roberto assumiu a seleção feminina em 2003 e, no ano seguinte dirigiu a seleção nos Jogos de Atenas, 2004,, mas só obteve a quarta colocação.
A rotina séria de trabalho chegou à primeira medalha de ouro nos Jogos de Pequim, com o privilégio de ser o único treinador do voleibol medalha de ouro no masculino e no feminino. Em 2012, levou novamente a seleção feminina ao ódio mais alto,ganhando a medalha de ouro em Londres, 2012 No comando da seleção para os Jogos do Rio de Janeiro , Zé Roberto tem a perspectivas de chegar ao inédito tri campeonato, pois a equipe está em grande forma, como provou vencendo o último Grande Prêmio, terminado neste mês de julho.
Igualmente vitorioso é o treinador Bernardinho que estreou em Jogos Olímpicos em 1988, em Seul, quando foi convidado por Bebeto de Freitas para auxiliá-lo. Em 1996, foi bronze, dirigindo a seleção feminina em 1996 e 2000.
Com boas duas equipes, os treinadores campeões têm duelo muito forte agora, a partir de 5 de agosto, quando começam os Jogos do Rio. Bernardinho não conseguiu ganhar o décimo, título da Liga Mundial porque perdeu para a Sérvia.
Ricardo e Emanuel (XVI)
Na história olímpica brasileira o voleibol tem papel relevante, com conquistas de várias medalhas de ouro prata e bronze, constituindo-se na grande força do esporte do Brasil, trajetória iniciada nos Jogos de Los Angeles, em 1984, com a geração que motivou à formação de uma elite, hoje respeitada no mundo. Foi a heróica medalha de prata, com a seleção onde jogavam astros até hoje lembrados pelos desportistas, nomes como Bernard ( o da Jornada nas Estrelas ), William, Xandó e Bernadinho, atual responsável pelas seleções masculina. Nesta Série, já em sua segunda dezena, registro a medalha de ouro de Ricardo e Emanuel, dupla de praia vitoriosa em Atenas, no ano de 2004. Depois desse primeiro pódio mais alto, a dupla continuou somando novas medalhas de prata e bronze em Jogos posteriores.
Emanuel é curitibano, nascido em 73, e, aos sete anos, teve o primeiro contato com a bola, que sempre disputava com sua irmã. Aos 19 anos migrou para o voleibol de praia, participando de torneio em Vila Velha, ES. No seu primeiro confronto em Olimpíadas não teve sucesso, em Atlanta, 1996, terminando em novo lugar, tendo como companheiro Zé Marco, que, mais tarde, foi estrela com outros companheiros. O ouro veio em 2004, em Atenas, coroando o trabalho cuidadoso desde 1996. A sua participação não parou aí. Em 2008, em Pequim, conquistou a medalha de bronze e, em 2012, a de prata, nas finais de Londres.
Também vitoriosa é a vida de Ricardo, baiano, de Salvador, nascido de janeiro de 75. A seu talento já se mostrara em 2000, nos Jogos de Sidney, quando ganhou com Zé Mario a medalha de prata. Da Bahia, Ricardo foi morar em João Pessoa, e lá começou a dupla com Emanuel, culminando na medalha de ouro, em Atenas. Depois de brilhar no Pan-Americano, do Rio de Janeiro, em 2007, Ricardo e Emanuel ainda apareceram no cenário olímpico, ganhando a medalha de bronze, em Londres, 2012.
Muito ainda vou falar do voleibol, modalidade tratada com muito carinho pelos dirigentes responsáveis quanto à inovação no Centro de Treinamento, na cidade fluminense de Saquarema, possuindo todos os requesitos modernos e tecnologia desenvolvida no mundo.Para os Jogos do Rio, agora em agosto, o voleibol está cotado para subir ao pódio nas diversas equipes inscritas, a começar pela seleção feminina de quadra, campeã da recente Liga Mundial, credencial para chegar ao inédito tri olímpico. Igualmente potentes são as categorias masculina e feminina de praia e a masculina de quadra, comandada por Bernardinho.
Torben Grael/Marcelo Ferreira (XV)
No levantamento dos medalhistas de ouro nos Jogos Olímpicos disse que, por mais de uma vez, iria repetir campeões. Assim o fiz com Ademar Ferreira da Silva, com Torben Grael e Marcelo Ferreira e, agora, com a dupla Torben/Ferreira, que ganhou a medalha de ouro, primeiro em Atlanta, em 1996 e, novamente, em 2004, m Atenas, conquistou novo ouro. Hoje é novamente a vez de Torben e Marcelo que, em 2004, bisaram o título no Star. Foi a partir dos Jogos de Atenas que o esporte brasileiro passou a respirar mais conforto, com a aplicação da Lei Piva, que facultava às entidades manipularam mais verba para a preparação das equipes nacionais para as competições, fora e dentro do país.
Foi então a partir de 2004, que os atletas passaram a ter mais visibilidade nos Jogos, com conquistas de mais pódios, diferente de 2000, em Sidney, que o país passou em branco em medalhas de ouro, ganhando porém, 10 entre prata e bronze.
No esporte moderno as exigências de treinamento é muito grande, e o concorrente que não se preparar bem não vai a lugar nenhum, sendo massacrado por adversário mais treinado. A vela pode ser considerada à parte da grande maioria das outras modalidades do calendário olímpico. Não obstante, embora não tenha dificuldade em relação aos iatistas, que pertencem a padrão social mais elevado. Mas o custo do esporte é muito grande, porque os barcos são enviados para os locais das provas, o que onera os órgãos diretivos. A partir de 2004, a situação melhorou bastante e o esporte olímpico saiu um pouco do marasmo, principalmente no tocante a verba , mas continuou carente quanto a mais valores, pois falta de infra estrutura no esporte em geral.
Voltamos aos campeões Torben e Marcelo. Os dois nasceram em Niterói, cidade litorânea do Rio de Janeiro. A vocação de ambos só poderia levá-los ao triunfo. Torben, além de suas vitórias nas raias olímpicas, depois das duas de ouro, passou a regata oceânica, com veleiro de largo alcance nos mares do mundo. Participou da Regata America Cup. Em 2006, competiu na Regata Volta ao Mundo, com barco Brasil, obtendo a terceira colocação no geral.
Marcelo Ferreira, como já vimos na sua primeira conquista que o seu gosto pelo iatismo era tão grande que ficava na beira no cais esperando que alguém o chamasse para pilotar o barco. Teve sucesso a partir daí e hoje faz parte da história do olimpismo do Brasil.
Robert Scheidt (XIV)
Quando na décima reportagem da série medalhistas de ouro dos atletas brasileiros, em Jogos Olímpicos, sobre a conquista de Robert Scheidt, disse que voltaria a falar do iatista, hoje, junto do Torben Grael e Adhemar Ferreira da Silva, os maiores laureados, com o título de bicampeões olímpicos. E a promessa se cumpre hoje, mostrando novamente o velejador, desta vez, festejando sua segunda medalha de ouro nos Jogos, realizados em Atenas, Grécia, em 2004, competição que marcou o recorde de medalhas de ouro em toda história olímpica brasileira, com cinco pódios de primeiro lugar.
Outra vez, Scheidt conquistou a medalha de ouro na Classe Laser, consolidando sua liderança nas águas do mundo inteiro. Sua vocação foi comprovada, não apenas no Laser, mas também na outra classe, a Star, esta mais complicada do que o Laser. Depois de Atenas, Scheidt fez parceria com Bruno Prada na Classe Star, seguindo sua trajetória vitoriosa. Nos Jogos seguintes, em Pequim, conquistou a prata e quatro anos depois, em Londres, outra medalha, desta vez a de bronze, ainda com Bruno Prada. Depois disso não pôde mais correr no Star, porque o barco foi retirado do programa olímpico.
Nunca é demais conhecer a história inicial do grande velejador que, agora no Rio de Janeiro, vai tentar o tri olímpico, feito jamais realizado por qualquer brasileiro e, também, pouco comum no mundo, pois é difícil para um competidor suportar o desgaste de 12 anos, porque a competição é disputada a cada quatro anos. Lembro que Scheidt começou a conhecer ás águas quando tinha cinco anos de idade, competindo na Classe Optimist, reservada às crianças. Aos nove anos ganhou o seu próprio barco, começando dali sua histórica campanha na vela, não apenas no país, mas no mundo todo, pois foi várias campeão em mundiais, nestes, campeão por oito anos e, em vários pan-americanos.
Insisto em dizer que o Brasil é um bom celeiro para quem tem condição de praticar o iatismo. A dificuldade para a propagação da modalidade está no fato de ser um esporte caro, constituindo assim na maior defasagem para a sua prática. A maioria dos iatistas goza de boa condição econômica e pode se dedicar por inteiro, respondendo pelas despesas decorrentes na manutenção dos barcos nas garagens dos clubes. Fora a esta dificuldade econômica o Brasil poderia fazer anualmente muitos campeões mundiais, em razão da fartura de mares, rios e lagoas existentes em todo território nacional. Mesmo assim, o Brasil ocupa vanguarda no mundo, sendo reconhecido pelos feitos do próprio Scheidt e Torben Grael, outro bicampeão.
Rodrigo Pessoa (XIII)
O esporte do Brasil mudou sua passagem em branco nos Jogos de Sidney, em 2000, onde ficou com 14 medalhas entre prata e bronze, sem nenhuma de ouro, reabilitando-se nos Jogos seguintes, de Atenas, com o pódio de cinco de ouro, uma inclusive do cavaleiro Rodrigo Pessoa, no hipismo, primeira e única desse esporte no histórico olímpico do país.
Rodrigo Pessoa nasceu na França, no dia 29 de novembro de 1972, mas, aos 18 anos, optou pela cidadania brasileira, apesar de nunca morado em terras brasileiras. O seu aparecimento no hipismo se deu quando tinha apenas cinco anos. Aos nove, participou de uma competição na Inglaterra, na Classe Pôney, onde ganhou experiência para futuras jornadas.
Com 12 anos Rodrigo se mudou para a Bélgica, mantendo seu ritmo de treinamento, tendo conquistado vários outros títulos na cidade de Malines. Como cidadão brasileiro integrou a delegação que competiu em Mar Del Plata, na Argentina, competição que deu à equipe brasileira a medalha de ouro no conjunto. Foi também medalhas de bronze nos Jogos de Atlanta, em 1996. Na relação de medalhas de bronze, em Sidney, consta também uma equipe que contou com a participação de Rodrigo.
Com esse cartel privilegiado, para continuar na seleção brasileira era questão obrigatória. E foi o que aconteceu, nos Jogos de Atenas, quando ganhou o cobiçado ouro. Ao final da prova a classificação de Rodrigo era à prata. Aconteceu, porém, que o vencedor individual da prova de salto, acabou desclassificado por dopping, o que privilegiou o brasileiro com o pódio mais alto.
O hipismo é esporte praticamente reservado a participante de poder financeiro elevado, pela natureza do esporte, que não depende só do praticante, mas, sobretudo, de recursos para manter os conjuntos em alto nível. No Rio der Janeiro existe o Clube Hípico, que mantém o calendário da entidade controladora em permanente atividade. Lá, foi o berço de grandes cavaleiros, como o da família Pessoa, de onde veio Nelson Pessoa Filho, que não fez parte das equipes olímpicas, mas com destaque para outros nomes, como Luís Felipe Azevedo e Doda, medalha de prata em Sidney. Na sequencia dessa série vamos falar novamente da vela , depois, do voleibol de quadras e praia, grandes campeões, coroando a participação brasileira.Das 10 medalhas dos atletas brasileiros em Sidney, a metade foi ouro.
Jacqueline Pires-Sandra Pires (XII)
O voleibol, a vela e o judô ganharam exatamente a metade das medalhas do esporte brasileiro em Jogos Olímpicos, contribuindo, juntos, com 54 pódios, no total de 108, de toda a história do país.
Mais uma vez, vamos focalizar o voleibol com as campeãs olímpicas da disputa das arenas montadas nas praias de Atlanta, em 1996, e as duas personagens são Jacqueline Silva e Sandra Pires, responsáveis pela primeira medalha entre as mulheres no esporte nacional. Jacqueline é carioca, nascida no Rio de Janeiro, em 13 de fevereiro de 1962. Aos 9 anos foi atraída às quadras pelo treinador Enio Figueiredo, mostrando o talento e vontade de se tornar campeã.
Aos 10 anos filiou-se ao Flamengo e, com rápida ascensão, foi convocada para a seleção adulta, mas não tinha ainda nível, foi cortada. Sua primeira aparição pública se deu em Porto Rico, no Pan-Americano de 1979.
De personalidade forte, acabou atritando com os dirigentes da Confederação, motivo que a levou a ir morar nos Estados Unidos, onde ficou por oito anos. Por orientação de seu treinador, aceitou a voltar ao Brasil, já de olho nos Jogos de Atlanta. Na época passou a treinar com Sandra Pires, que já praticava o voleibol de praia com grande sucesso. Predestinadas e com o objetivo na medalha, as duas deixaram a Vila Olímpica, alugando uma casa, onde podiam ter livre acesso para os treinamentos.
Com perfeito entrosamento, baseado em longo período de treinamento, Jackie e Sandra atingiram a grande final dos Jogos, derrotando outra dupla brasileira, formada por Mônica e Adriana, pelo placar de 12 a 11 e 12 a 6. A partir daquela campanha maravilhosa em 96, o voleibol, tanto nas areias como nas quadras, passou a ser notado no mundo inteiro, como provam os sucessivos títulos internacionais, fruto do trabalho que já destacamos orientado pela Confederação, criando centros para o desenvolvimento científico da modalidade.
A companheira de Jackie, Sandra Pires, além da medalha nos Estados Unidos, reinou durante muito tempo nas quadras e nas praias, conquistando o título de Rainha das Quadras, por sua tríplice vitórias nos anos de 1999, 2000 e 2001. Aos 36 deixou o voleibol, o mesmo acontecendo com Jackie depois de ser responsável pela comissão técnica das seleções Sub-19 e Sub-20, da CBV.
Torben Grael/Marcelo Ferreira (XI)
Os personagens da série medalhas de ouro do Brasil são, novamente, os da vela, e nomes que, daqui para frente, vão ocupar novos espaços por suas múltiplas conquistas no campo olímpico desse esporte. São eles Torben Grael e Marcelo Ferreira, campeões nos Jogos de Atlanta, EUA, em 1996, ano em que o Brasil ganhou 14 medalhas, quase recordes de pódios na história brasileira. Torben Grael e sua Classe Star não serão vistos nos Jogos do Rio, em razão da retirada da modalidade a partir de 2008. Mas voltarei a falar da dupla vitoriosa no Star nas próximas edições.
Torben é o líder dos velejadores brasileiros em número de conquistas de medalhas, no total de cinco, sendo duas de ouro, duas de prata e uma de bronze. Logo a seguir vem o conhecido Robert Scheidt, com quatro também com duas de ouro. Torben Grael nasceu em São Paulo, no dia 22 de junho de 60, mas Lago para Brasília, acompanhando o pai que era militar e, aos sete anos, ganhou um barco do avô, começando a velejar no Lago Paranoá.
Quando chegou a época do vestibular mudou-se para Niterói, onde moram seus tios Axel e Erik Schmidt, nomes de relevo na vela nacional por suas vitórias em Pan-Americanos e mundiais. Foi a época em que formou dupla com Marcelo Ferreira e, após sucessivas vitórias em competições nacionais e internacionais, miraram, como plano maior, os treinamentos para os Jogos de Atlanta, onde foram premiados com o primeiro ouro em sua carreira olímpica. Vivendo do mar e para o mar, Torben também tem, no seu histórico, regatas oceânicas, com barco maiores e próprios para grandes desafios em alto mar. Vivendo numa família eminentemente do mar Torben é irmão de Lars Grael, também velejador medalha de bronze em Atlanta, navegando pela Classe Tornado.
Marcelo Ferreira nasceu em Niterói, cidade banhada pela Baia de Guanabara, palco dos primeiros passos do futuro campeão olímpico. Depois de passar pelas classes optimist e pinguim, aos 18 anos filiou-se a um clube para dar amplitude ao desejo de ser um dia campeão. Nesse período, ele ficava no cais esperando que alguém o convidasse para trabalhar durante a sessão de treinamento. Aprendeu bastante e deu adeus à carreira universitária, preferindo morar nos Estados Unidos, onde se empregou numa loja venda de barcos, o objetivo maior de sua vida. Inquieto e sempre visando à vela, mudou-se para a Itália, país onde foi trabalhou como diretor de um estaleiro, especialista na construção de barco. Regressou ao Brasil e, com o Torben pegaram firme nos treinamentos para Atlanta, de onde trouxeram a medalha de ouro do Star. O voleibol será visto na próxima edição, com o feito das praias.
Robert Scheidt (X)
O currículo da farta proeza da Vela para uns e, Iatismo, para outros, que tem pouca margem de diferença para influir na beleza da modalidade, e também da sua grandeza, toda ela posta a serviço do Brasil. A bola da vez de hoje é o veleiro (iatista) Robert Scheidt, paulista de nascimento, desde do dia 24 de abril de 1973. O seu encontro com as águas seu deu aos cinco anos, pilotando o pequenino barco da classe Optimist, próprio para crianças. A primeira vitória do futuro campeão aconteceu aos nove anos, ainda dirigindo um Optimist. Foi na Represa de Guarapiranga, defendendo o Iate Clube Santo Amaro.
Na carreira de Scheidt houve a presença de outros esportes, atletismo, natação, futebol e esgrima, deixados de lado pela vela. Ainda fazendo sempre presença nas águas, Scheidt participou do primeiro mundial universitário, iniciando, a partir daí, a vitoriosa ascensão, tendo, na época, como domicilio, a Europa, onde se especializou, desta vez, competindo na Classe Laser. O aparecimento internacional começou em 1995, quando ganhou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos, em Mar del Plata, na Argentina.
Em 1996, em Atlanta, Scheidt, com à experiência adquirida no ano anterior, chegou a sua primeira medalha de ouro, na Classe Laser, deixando para trás o bambas dos Estados Unidos. Na verdade, a vida de Robert Scheidt foi de vento em poupa, conquistando os pódios mais altos em todos os mundiais disputados no período. A verticalidade na vela o levou a formar, com Bruno Prada, a dupla na Classe Star, barco no qual conquistou a medalha de prata, nos Jogos de Pequim, 2008 e à de bronze, em Londres, 2012, e nova medalha de prata No Pan-Americano de Santo Domingo, em 2003, quando se sagrou tricampeão, da Classe Laser. Voltarei falar de sua brilhante vida no mar, registrando o bicampeonato olímpico em 2004, em Atenas. Com esse laurel todo, Scheidt foi considerado pela Federação Internacional como o melhor velejador do mundo em 2001 e 2004. Para os Jogos do Rio está treinando ativamente para conquistar o título de tricampeão olímpico, privilégio de poucos competidores em qualquer modalidade. Formado em Administração de Empresas, divide seu tempo, entre o profissional e o esporte.
Falar de vela no Brasil pode se utilizar de muitos meios, porque o país oferece boas condições para a prática. A começar pela vastidão da costa marítima brasileira, dando chance a qualquer jovem a entrar na vida de velejador. Há, porém, pequena desvantagem, que é o acesso à sua prática, inacessível para a maioria dos interessados. Além da capacidade de ter os instrumentos próprios, juntam-se, também, a guarda em relação à manutenção nas garagens dos clubes especialistas em vela. Mas, mesmo assim, o Brasil tem grande elite na área que oferece ao país o privilégio de ser presença no mundo.
Voleibol masculino (IX)
Dividindo com o futebol a liderança na preferência dos desportistas brasileiros, o voleibol, masculino, feminino e de praia têm a primazia de ser a modalidade olímpica brasileira líder na conquista de medalhas, somando, a partir de 1984, Los Angeles, 20 pódios, entre ouro, prata e bronze. Depois dos Jogos de 1984, a seleção masculina de voleibol começou a se mostrar para o mundo, obtendo a prata, deixando para trás os ganhadores de sempre, Japão, União Soviética, Polônia, Estados Unidos. Foi a primeira medalha de ouro em esportes coletivos.
Antes de mais nada convém lembrar os nomes dos medalhistas de Barcelona, que foram dirigidos pelo herói da equipe feminina, o bicampeão José Roberto Guimarães. São eles: Amauri, Pampa, Tande, Carlão, Douglas, Giovane, Janelson, Jorge Edson, Marcelo Negrão, Maurício, Paulão e Talmo. A partir dessa vitória heroica o voleibol brasileiro nunca mais deixou de frequentar as manchetes mundiais, em razão de seus feitos, não apenas no adulto masculino, feminino e de praia, como, também, nas categorias mais jovens, ganhando quase todos os mundiais que disputava. As vitórias conquistadas motivaram a CBV a investir maciçamente no planejamento, por entender que era o caminho ideal para o prestígio da modalidade no Brasil e no mundo.
O voleibol tem grande vantagem em relação a algumas outras modalidades, por ser disputado em ambiente fechados de ginásios, oferecendo boas condições para ser levado ao público, através, principalmente dos assistentes de televisão, diferente de outras disputas, como remo, atletismo, hipismo, em campo aberto.. .
A seu favor, o voleibol tem ainda a vantagem de ser de movimento elegante, com muita plástica, bom motivo para agradar ao público que, simbolicamente, anima aos grupos empresariais a investirem nas promoções.
Os resultados hoje colhidos pelo voleibol brasileiro resultam do trabalho de planejamento na formação da base para sustentar a pirâmide, no caso de progresso. Foi o que fez a Confederação Brasileira de Voleibol que criou polos de desenvolvimento, onde a prática obedecia a orientação técnica cientifica.
Ao longo da série que estou apresentando no DIARIO, muito ainda os leitores tomarão conhecimento de outras façanhas desse esporte, criado pelo norte-americano William George Morgan, com aplicação inicial nas Associações Cristãs de Moços. O maior desenvolvimento se deu na Faculdade de Springfield, em 1891. A programação das areias das praias passou de apenas esporádica para se firmar com prioridade. No Rio de Janeiro, estado cercado de excelentes conjuntos de praias, como Leblon, Copacabana e a grande extensão da Barra da Tijuca, foi toque inicial para o aparecimento de grandes campeões, nas areias e nas quadras. A seguir, voltarei a focalizar o voleibol e a vela.
Rogério Sampaio (VIII)
Os efeitos positivos do judô como modalidade olímpica foram mostrados conquista do primeiro ouro para o Brasil, com Aurélio Miguel, meio pesado, 95 quilos, em Seul, em 1988. Hoje, o nosso herói é Rogério Sampaio, campeão olímpico, em Barcelona, em 1992, com apenas 24 anos pulverizando bambas europeus, da sua categoria de meio leve, 65 quilos, como a luta final, contra o campeão húngaro Josef Csak. A história de Rogério no judô é cheia de lances tenazes e heroicos.
Na infância era um menino agitado e, por orientação medica, foi recomendada a prática do judô. Aí ele se encontrou, e os problemas de agitação desapareceram, tornando-se um exemplar aluno. Para controlar seu ímpeto, solicitou do pai que construísse no quintal da casa uma imagem semelhante a um adversário para extravasar toda sua força.
Depois de atritar com a Confederação, como vimos em relação Aurélio Miguel, insatisfeito com a direção da entidade, Rogério também foi atingido, ficando, em consequência, dois anos e meio sem lutar, mas treinando normalmente. Rogério disputou a vaga dos pesos leves, com seu irmão, Ricardo Sampaio Cardoso, para Seul, em 1988.
Não possuindo cartel para impressionar os adversários, Rogério Sampaio chegou na cidade de Barcelona como um ilustre desconhecido e com luta pessoal muito grande, ou seja, a de controlar o peso, pois em disputas de artes marciais, a balança é importante. A sua categoria, na época era meio leve (65 quilos). Para não ultrapassar o peso na hora da pesagem, Rogério, três dias antes, se alimentou apenas de quatro pêssegos e três sorvetes. Deu resultado, pois nas diversas lutas até chegar à final combateu durantes 17 minutos, fato inédito nesse tipo de programa. A vitória produziu no judoca a sensação esperada. Faltavam 15 minutos para dez horas da noite de sábado 01 de agosto, quando ele desabou no tatame, levado por grande emoção.
A vida de Rogério Carneiro seguiu ativamente no judô, porém, atuando mais na área administrativa, porque, devido a lesões,encerrou a carreira em 1998, seis anos depois do glorioso título em Barcelona. Hoje se dedica ao ensino e desenvolvimento do judô na formação de novos praticantes na Associação de Judô que leva seu nome, em Santos. Também é coordenador geral de esportes de alto rendimento do Centro Olímpico de treinamento e pesquisa do município de São Paulo. Sua experiência e talento, o levou comentar o esporte na Tv, o que poderá ser repetido agora nos XXX Jogos, de agosto, no Rio de Janeiro.
As mesmas referências que fiz ao abordar a vida de Aurélio Miguel, quanto à formação dos jovens sobre na educação integral, repito hoje que é um esporte valioso, com a dupla função, a de chegar à glória e se defender quando for preciso.