Coluna Esplanada

Sem PF amiga

 

O presidente eleito Lula da Silva (PT) pretende ter no seu novo Governo uma Polícia Federal linha-dura contra crimes, sem exceções e blindagens de amigos do Palácio. Com informes de ingerência do presidente Jair Bolsonaro na polícia – o ex-ministro Sergio Moro já confirmou – Lula quer abrir as investigações travadas contra aliados do presidente e de sua família. Há casos de delegados afastados apenas por tentativa de apurar desmandos. Hoje foragido, com vistas grossas da atual PF, o blogueiro Allan do Santos deve ser detido nos Estados Unidos, cumprindo mandado expedido pelo ministro Alexandre de Moraes (STF). Serão retomadas dezenas de investigações engavetadas contra madeireiros e pecuaristas na Amazônia Legal. Lula vai nomear o delegado Andrei Passos para diretor-geral da PF. O segundo no escalão deve ser o delegado Rodrigo Teixeira. Andrei é conhecido dos petistas desde que comandou a segurança das Olimpíadas. Atualmente é o chefe da segurança de Lula.

 

Conselho de Ética

Não vai ser fácil o mandato de bolsonaristas na próxima Legislatura. Hoje, o Conselho de Ética da Câmara em Brasília está travado por governistas, mas a composição deve se inverter. PT, PSOL, Rede negociam a retomada do comando do Conselho. Atualmente, há 25 denúncias contra deputados na gaveta, sem qualquer andamento. A maioria das representações é contra Eduardo Bolsonaro (7), Carla Zambelli (2) e Bia Kicis (2). Zambelli, que empunhou uma arma na rua na véspera da eleição ao perseguir um manifestante, já é cercada pelo STF e será o principal alvo da oposição.

“Fascistas” na pista

Ao julgar um pedido da Concessionária das Rodovias Integradas do Sul para desbloquear três trechos de estradas gaúchas, o juiz federal substituto Carlos Felipe Komorowski não se conteve ao final do despacho: citou tempos estranhos e chamou de nazistas e fascistas tais manifestantes.

 

Agora é Mais Bolsa

A bancada do PT estava tão confiante na eleição de Lula da Silva para presidente que se articulou, há meses, e abriu o caminho para renomear o programa Auxílio Brasil batizado pelo presidente Bolsonaro. Os deputados protocolaram o PL 2315/22 dia 19 de agosto, titulando o Auxílio de “Programa Mais Bolsa Família”. Com R$ 600 previstos, evidente.

 

À paisana

A administração de Silvinei Vasques na Polícia Rodoviária Federal, prestes a se encerrar em alguns meses, não será marcada apenas pela leniência dos policiais com caminhoneiros que bloquearam muitas rodovias. A PRF tentou abrir adidâncias em embaixadas do Brasil. Para quê, ninguém entendeu. Mas emplacou um cargo em Washington. A assessoria da polícia nega que haja adidâncias, mas confirma alguns cargos no exterior.

 

Chalita e França

Cupido da aproximação de Lula com Geraldo Alckmin, o professor Gabriel Chalita tem endereço certo na Esplanada: o Ministério da Educação. Ciente disso, Fernando Haddad tenta se cacifar para o Ministério da Fazenda. Rifado pelo PT na disputa em São Paulo, Márcio França, senador eleito e nome mais forte PSB em Brasília, não será esquecido. Lula ofereceu a ele um ministério de Infraestrutura ou o de Cidades, que será recriado.

 

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Haddad e Alckmin

 

Fernando Haddad (PT) está com medo de ser rifado pelo PT em 2026 diante do protagonismo do vice-presidente da República eleito, Geraldo Alckmin (PSB). É Haddad quem deseja ser ministro da Fazenda – ele espalha isso – e não o chefe quem chamou. Ciente de que o Ministério da Educação deve cair nas mãos do professor Gabriel Chalita, o cupido da aproximação de Lula com Alckmin, Haddad força seu nome para a Fazenda. A equação no staff é simples: Não há certeza de que Lula vá tentar a reeleição. Alckmin pode crescer como gerentão do Governo e ser o nome escolhido para a sucessão. Uma forte vitrine nos próximos anos é a chance de Haddad e seu grupo dentro do PT de alavancar uma eventual candidatura e ser o escolhido.

 

Jovens desprotegidos

O surgimento da variante Ômicron BQ.1 da Covid-19 é só mais um capítulo do risco de novo recrudescimento da epidemia, em especial para adolescentes. Apesar da faixa etária menos afetada, o País vacinou até setembro 71,9 % das crianças e adolescentes de 3 a 17 anos com a 1ª dose da vacina. A 2ª dose foi recebida por apenas 54,98 %. Enquanto a dose de reforço – aplicada somente em adolescentes (12 a 17 anos) – teve cobertura vacinal insignificante de 24,50%.

 

Brasil na COP 27

Pesquisadores do Brazil Climate Action Hub, espaço da sociedade civil na COP 27, avaliam que o foco dos primeiros 100 dias do Governo do presidente eleito Lula da Silva deve ser o desmatamento zero e a agricultura de baixo carbono para que o Brasil consiga cumprir a meta de reduzir emissões de gases do efeito estufa até 2030. No Governo Dilma, o País estabeleceu durante o Acordo de Paris a meta de redução das emissões líquidas em 37% até 2025 e em 50% até o início da próxima década.

 

Cuidando do futuro

Os planos de previdência privada somaram no 3º trimestre R$ 41,7 bilhões de arrecadação, alta de 18,8% sobre o mesmo período de 2021. No ano todo, os valores superaram os R$ 115,6 bi, montante 15% maior do que em 2021. Atualmente, o setor de previdência privada conta com R$ 1,2 trilhão de ativos no Brasil (12,5% do PIB). Os dados são da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi).

 

Força dos lojistas

Os pequenos e médios lojistas online registraram em outubro faturamento de R$ 238 milhões e venda de cerca de 4,1 milhões de produtos, um crescimento de 22% em comparação ao mesmo período de 2021. Os Estados que mais faturaram foram São Paulo (R$ 116,5 milhões), Minas Gerais (R$ 25,2 milhões) e Rio de Janeiro (R$ 17,2 milhões). Os dados foram obtidos pela Nuvemshop, plataforma de e-commerce com mais de 100 mil lojas cadastradas.

 

Black BR

Uma estimativa da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico indica que a BlackFriday deve movimentar R$ 6 bilhões e gerar 8 milhões de pedidos online em 2022. A pesquisa Embedded Finance da FIS, empresa global de tecnologia financeira, aponta que 65% dos brasileiros devem buscar descontos em lojas pelas mídias sociais. Os jovens (de 18 a 24 anos) são os mais aderentes a este canal de compra, com 72% de interesse. O levantamento foi feito em agosto e setembro de 2022, com mil pessoas.

 

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Lula freia o PT

 

Lula da Silva desembarcou em Brasília para acalmar os ânimos dos petistas que querem voltar com sede ao pote de água benta da Esplanada dos Ministérios. Das hostes à cúpula, O PT, ainda encantado com o retorno ao Poder, está ansioso para ocupar espaços que já comandou. Mas o presidente eleito entendeu o recado das urnas e sabe pisar em território ainda hostil: Lula não volta ao Palácio com a força de antes, praticamente apenas metade do País o elegeu, e os aliados e adversários sabem disso. O Barba pisa em ovos para não criar crises antes da posse. Por isso freou os anseios do PT e abriu espaço generoso para os partidos da coalizão, inclusive no comando da Transição, ao escolher Geraldo Alckmin (PSB) para ser o gestor. Experiente e esperto, Lula avisou ontem aos presidentes da Câmara e Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, que terá um governo para todos – um recado claro para o PT não se sentir hegemônico.

 

Virou em 5

O presidente Jair Bolsonaro (PL) virou a votação contra Lula da Silva (PT) em apenas cinco municípios da Região Nordeste, em relação ao 1º turno: Paripueira, Jequiá da Praia, Flexeiras, Novo Lino e Satuba deram mais votos ao Capitão na segunda fase da eleição. E só. O levantamento foi realizado pela Agência Tatu. Em média, 70% dos votos da região foram para Lula, a exemplo do 1º turno.

 

Limpando a sala

Todo ano de eleição presidencial, o CCBB deixa reservada a área para a equipe de transição e não usa as salas do 1º andar para apoio. Quem reparou foi um integrante da nova leva do Governo: a confiança na vitória de Bolsonaro era tanta que a turma deixou as salas ocupadas com material das exposições – e foi uma correria para realocar centenas de caixas, móveis, e abrir espaço para as mesas do Grupo de Transição. A assessoria do CCBB não comenta, mas garante que manteve as exposições.

 

Animais na transição

Um grupo formado por mais de 80 organizações que atuam na agenda animalista se articula junto a representantes do novo Governo eleito para a criação, a partir de 2023, do Conselho Nacional de Proteção e Defesa dos Direitos Animais no âmbito da Esplanada. Além disso, essas organizações – entre elas, a Alianima – pleiteiam a realização de Conferências Nacionais de Proteção e Defesa dos Direitos Animais.

 

Secura no Brasil

Dados da Agência Nacional das Águas, em parceria com o Map Biomas e Institutos Internacionais de Meteorologia, apontam que o Brasil ficou mais seco em 42% do seu território, área que corresponde a parte das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Por outro lado, cerca de 25% do território brasileiro estão mais úmidos, com as chuvas mais intensas e frequentes no Norte da Amazônia e na região Sul. Os dados foram levados por cientistas à COP 27, no Egito.

 

Nos trilho$

A alemã Deutsche Bahn (DB), maior empresa de logística ferroviária do mundo, vai administrar por 15 anos os 2 mil km de linha férrea num complexo que ligará o Cairo, Alexandria e a cidade administrativa do Canal de Suez com trens de alta velocidade, o intercidade e os de cargas. Num contrato assinado anteontem no valor de um bilhão de euros. O brasileiro Gustavo Gardini é um dos membros da empresa. Ele é o diretor de parcerias globais estratégicas e investimentos sustentáveis da empresa.

 

ESPLANADEIRA

#  Rodadas de negócios da CNI movimentaram mais de R$ 1 milhão em 2022. # Pessoa & Pessoa Advogados lança e-book gratuito sobre contestação do Fator Acidentário de Prevenção na Receita. # Tartaglia Arte abre hoje exposições “Tudo Mais Entre Nós” e “20 Anos”, no Centro Cultural Correios RJ. # Anna Persia lança livro “Conforto e Educação – Conforto Ambiental para além do esperado”. # Redesign Consultoria fecha parceria com UiPath. # Editora Pingo de Luz lança livro “Por Todas as Gerações que Estão Por Vir: Severn Cullis-Suzuki”.

 

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Aperta e confirma

 

O relatório de auditoria das Forças Armadas sobre os sistema eletrônico de votação do Brasil (auditoria das urnas), que será divulgado hoje, vai trazer a confirmação da vitória de Lula da Silva, para desespero de Bolsonaro. O Exército não comprou a briga do capitão com o TSE, e não vai contestar o resultado. Mas, para afagar o chefe, o report pode indicar inconsistências no modelo e abrir brecha para questionamentos. Nada que vai mudar o resultado da eleição. Aliás, Bolsonaro foi eleito sete vezes deputado federal pelo Rio de Janeiro por votos na urna eletrônica, e nunca a questionou.

 

31 ministérios

Não há mais dúvida desde ontem de que o presidente eleito, Lula da Silva (PT), vai expandir o inquilinato da Esplanada dos Ministérios a partir de janeiro. Os atuais 22 ministérios da curta Era Jair Bolsonaro devem passar para, pelo menos, 31 no Governo do Barba – como Lula é chamado entre portas por potenciais ministros. O número de pastas ficou evidente na lista de grupos temáticos divulgada nesta terça-feira pelo Grupo de Transição de Governo. Entre as futuras pastas, figura a de Cidades, Infraestrutura, Trabalho, Pesca e Igualdade Racial, entre outras, que deverão ser recriadas na nova gestão. Temas caros para os programas sócio-desenvolvimentistas do projeto de Lula. Coordenador dos grupos temáticos, o ex-senador Aloizio Mercadante desponta como potencial chefe da Casa Civil do Palácio sob o poder do PT.

 

Cabidão oficial

A transição contará com 50 cargos sob coordenação do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB). Os selecionados terão salários que variam de R$ 2.701,46 a R$ 17.327,65. O gabinete será desativado no dia 10 de janeiro. A sede da transição será no Centro Cultural Banco do Brasil. Por parte do Governo Bolsonaro, o coordenador será o chefe da Casa Civil do Palácio, Ciro Nogueira. Pelo menos 12 partidos da coalizão da campanha de Lula nomearam membros para o Conselho de Transição.

 

Caneta na mão

Fim de governo e seus protagonistas vão usando a caneta para ajeitar a vida de amigos e familiares. Elizabeth Nunes Guedes, irmã do ministro da Economia, Paulo Guedes, foi nomeada para o Conselho Nacional de Educação, subordinado ao Ministério. Não bastasse ser a irmã do ministro, ela é gerente de uma associação de faculdades particulares. Elizabeth vai compor o conselho de educação superior, justamente o órgão no Governo que…autoriza ou recusa a abertura de novas faculdades.

 

Abraço eco

O presidente Bolsonaro não participa da COP 27, a conferência do clima no Egito, mas isso não impediu de o corpo diplomático e representantes das ONGs que atuam no Brasil se afinarem em simpatia. Antonio Patriota, embaixador do Brasil no Egito e Eritreia, encontrou com Fernanda Lopes, diretora-executiva do Instituto Baobá, e se deram um abraço apertado (veja foto no site da Coluna). É um indicativo de como serão as relações sob novos ares a partir de 2023, com valorização do meio ambiente.

 

Sua mesa

O preço das principais matérias-primas agrícolas é monitorado pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA). O trigo teve queda de 10,4% em setembro de 2022, porém ainda registra alta de 7,5% em comparação com o mesmo período de 2021. O óleo de soja tem sido um dos vilões da mesa dos brasileiros. Segundo a ABIA, os preços do óleo tiveram alta de 12,6% em relação a setembro de 2021. O alto preço do leite (+ 27,9% em relação a setembro de 2021) também se destaca.

 

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Fator ambiental

 

A ex-ministra Marina Silva é a aposta do staff do presidente eleito, Lula da Silva (PT), para retornar ao Ministério do Meio Ambiente. Com um desafio imenso na Amazônia: acabar com garimpo, com desmate de madeireiros e pecuaristas, com a biopirataria etc. No front pela floresta, além da possível criação de uma universidade da biodiversidade, estima-se a volta do Programa Bolsa Verde, um auxílio mensal como bônus para ribeirinhos e lavradores manterem a floresta em pé. Lula deu a dica no discurso da vitória domingo passado. Marina terá a ajuda do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, que tem estudado o tema meio ambiente & agro. Ele, a potencial ministra e o presidente eleito serão o trio que representará o Brasil no cenário internacional sobre o tema, para recuperar a imagem do Brasil no exterior.

 

Deu Cacique Barba

A política desastrosa do presidente Bolsonaro na Fundação Nacional do Índio, cuja gestão de um delegado federal não recebe lideranças para diálogo e virou uma “portinha” no Governo, reverberou nas aldeias nos rincões do Brasil. Na Terra Indígena Urubu Branco, no Mato Grosso, só para um exemplo, Bolsonaro não teve um voto sequer no 2º turno. Foram 383 votos para Lula, e 1 nulo.

 

O Zero Um

É consenso no clã que o senador carioca Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é natural herdeiro do pai, do bolsonarismo, e potencial candidato a presidente da República em 2026. Hoje, é o único nome de direita, que tem bom trânsito suprapartidário no Congresso, e perfil mais conciliador – ao contrário do presidente. Há oposição entre aliados. Para estes, Jair Bolsonaro ainda é o nome para a próxima eleição. Mostrou que tem espólio eleitoral forte. Claro, se tiver caminho livre para a candidatura, sem problemas com a Justiça.

 

Vaga de Zanin

Não é dúvida para ninguém no metiê próximo de Lula da Silva que a primeira vaga aberta no Supremo Tribunal Federal, em maio, com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski, será para Cristiano Zanin, o seu advogado. Lula repetirá o ato que levou Antonio Dias Toffoli ao Poder.

 

Fora de cena

Atores que fizeram fama na TV e nas redes sociais tentaram, mas viram que curtidas não se convertem em votos. A global Lucélia Santos (PSB-RJ) disputou para deputada federal e obteve insuficientes 10.867 votos. Gustavo Mendes (PT-MG), o que imita Dilma Rousseff na internet, também tentou a Câmara e obteve só 18.634 votos.

 

Jogos da Transição

O PL de Valdemar da Costa Neto deve retomar o Ministério dos Transportes no Governo Lula. Simone Tebet deve assumir a Agricultura. O Republicanos será chamado na transição. O partido negociava com Bolsonaro a recriação do Ministério do Esporte, que comandou sob Dilma e Temer. Leva a pauta ao PT, e oferece a bancada no Congresso.

 

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Jair na ilha

 

Apeado do Palácio da Alvorada por voto popular, o presidente Jair Bolsonaro (PL) não decidiu seu destino no dia 1º de Janeiro. Há opções de sobra, entre elas a casa onde residia num condomínio da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro – porém não recomendada pela segurança para um ex-chefe de nação. Especula-se o aluguel de mansão no Lago Sul em Brasília. Mas os mais próximos dizem que Bolsonaro vai submergir (literalmente) e pescar na praia: morar por uns meses numa ilha de um amigo recém-adquirida em Angra dos Reis, onde terá mais segurança e a privacidade necessárias. Politicamente, ele quer participar como conselheiro do governo de Tarcísio de Freitas, em São Paulo, onde poderá ter a vitrine para manter o espírito bolsonarista aloprado que nasceu na sua gestão. Há quem o aconselhe a fundar partido para chamar de seu – o que tentou sem sucesso antes da candidatura à reeleição. Tempo para isso Bolsonaro terá. E muito dinheiro de amigos, idem.

 

O agro ara

O agro não é só bolsonarista. “Parte importante do agronegócio não se sentiu representada pelas lideranças de entidades que se contaminaram pelo discurso ideológico e se desviaram do pragmatismo que caracteriza o setor. É hora de retomar o caminho da razão”. Quem descreve o cenário é o advogado Fernando Tibúrcio, que acompanha o agro. Segundo ele, o Brasil precisa associar a inevitável expansão das lavouras à preservação do meio ambiente e à preservação do ambiente de negócios.

 

A ficha caiu

Bolsonaro viu o fim de seu governo no domingo à noite, quando precisou conversar com o ministro Paulo Guedes, e este pediu-lhe para ir à Granja do Torto. O presidente viajou 36 km de ida e volta para ver o subordinado. Este episódio lembrou o último voo de helicóptero de Fernando Collor após a renúncia do Palácio: ele pediu, e o piloto não quis sobrevoar uma escola que Collor construiu e desejava ver.

 

Zema & Neto

Inconsolável com a derrota, Bolsonaro tem criticado o comportamento dos candidatos aos Governos da Bahia e Minas Gerais, ACM Neto (UB) e Romeu Zema (Novo), respectivamente. Acha que teria virado o resultado se Zema e Neto tivessem lhe apoiado já no 1º turno. Zema cuidou de si e só no 2º turno esbravejou contra o PT. Neto ficou em cima do muro nos dois turnos – e também perdeu a eleição.

 

Vem retaliação aí

O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas, o JHC, vai acionar na Justiça dois desafetos e avalia com advogados pedir a impugnação da eleição do governador Paulo Dantas e do senador Renan Filho, ambos do MDB. Na madrugada da última segunda-feira (1º), a dupla eleita subiu num trio elétrico e foi parar na frente do prédio de JHC, provocando e ofendendo o prefeito, adversário de ambos. Seu filho bebê não dormiu.

 

Dupla perdida

Se quiserem algo do presidente eleito Lula da Silva, os irmãos Jorge e Tião Viana, ex-senadores e nomes fortes do PT no Acre, vão ficar chorando na antessala do Palácio. O petista conseguiu só 29,7% dos votos no 2º turno no Estado do Norte, ante inesperados 70,3% de Bolsonaro. O PT teve baque com a debandada de ‘marinistas’, quando Marina deixou a legenda. Agora, a silga se acabou com a falta de tato dos irmãos.

 

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A transição do Centrão

 

Nem começou a transição e caciques de dois partidos aliados do Governo de Jair Bolsonaro (PL) já indicaram para o presidente eleito, Lula da Silva (PT), que estão à disposição com suas bancadas pela governabilidade. A fatura é discreta, por ora. O Republicanos, que negociava com Bolsonaro a recriação do Ministério dos Esportes – que comandou nos Governos Dilma e Temer – almeja retomar o controle da pasta. E o PL de Valdemar da Costa Neto – isso mesmo, o partido do atual presidente – sonha em voltar ao mando do DNIT e do Ministério dos Transportes. O partido, que já se chamou PR, desfilou na Esplanada desde o 1º Governo Lula com nomes como Anderson Adauto e Alfredo Nascimento. Mas quem sempre mandou, de fato, foi Valdemar, que agora orbita o metiê de Lula discretamente.

 

Pé na e$trada

Mal assumiu a concessão da conhecida BR-116, a Rio-Bahia, o Grupo Eco Rodovias, através da EcoMinas, começou a mapear pontos da estrada onde vai instalar radares para o DNIT e suas praças de pedágio. Sem mexer um metro de reforma ou manutenção da rodovia. O edital, evidentemente, prevê melhorias a longo prazo. Mas a facada no bolso do motorista será imediata.

Vista grossa

O bloqueio de estradas Brasil adentro é só um dos problemas que o setor enfrenta. A fiscalização nas rodovias pelo Governo está frouxa há um ano. A ANTT teve a chance ontem de revogar a famigerada Súmula 11, que tirou poderes dos fiscais de apreensão de veículos irregulares em flagrante e restringiu o conceito de transporte clandestino. A súmula vigoraria só por três meses e ficou na pista. O diretor da agência, Rafael Vitale, marcou para dia 17 a decisão, e os fiscais continuam de mãos atadas.

 

Alerta cresce

Dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases do Efeito Estufa revelam que as emissões brutas causadas por desmatamento no Brasil cresceram 20% entre 2020 e 2021. O desmate na Amazônia é o principal vetor para o aumento, responsável por 77% das emissões. Dados do INPE apontam que de 1º a 31 de outubro foram registrados 13.911 focos de queimadas na Amazônia, aumento de 20,4% em relação ao mesmo mês de 2021.

 

Povo no chão

As companhias se gabam no sistema de som de respeitar horários. Um levantamento da plataforma AirHelp mostra que 134,7 mil passageiros foram afetados por cancelamentos de voos nos aeroportos em setembro. Os passageiros prejudicados por atrasos superiores a 4 horas foram 15.163 mil. As companhias aéreas brasileiras (em especial GOL, Latam e Azul) transportaram 6,3 milhões de passageiros no mesmo período de 2022.

 

Povo no vermelho!

Pelo 9º mês consecutivo a inadimplência aumentou no País, chegando em setembro à marca de 68,39 milhões de pessoas com o nome negativado, segundo o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas, da Serasa. A soma de todas as dívidas passou de R$ 295 bilhões. O valor médio da dívida de cada inadimplente está em R$ 4,3 mil.  A Serasa lançou seu Feirão Limpa Nome para negociar desconto até dia 5 de dezembro.

 

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Gestão Alckmin, Lula rei

 

O presidente da República será Lula da Silva (PT), em seu 3º mandato, mas quem vai tocar o dia-a-dia do Governo será Geraldo Alckmin (PSB). A “mão na massa” desta vez caberá ao vice, incumbido pelo futuro chefe da nação de segurar a administração da gestão. Tanto será que Lula já elencou Alckmin para comandar a transição de Governo. O petista quer viajar o Brasil em nova caravana, como já fez quando assumiu o 1º mandato em 2003, e trabalhar os programas sociais para erradicar a fome. Vai rodar o mundo, também, para tentar limpar sua biografia após os processos judiciais e levar o discurso de que o Brasil vai atuar forte para preservar o meio ambiente, a despeito do crescimento do agronegócio e da mineração que impulsionam as exportações.

 

Lula & Camarão

O presidente eleito Lula da Silva (PT) e a futura primeira-dama Rosângela (Janja) estão curtindo uma bela praia deserta no sul da Bahia. O casal chegou de jatinho no aeroporto do condomínio Terravista, em Trancoso, e seguiu de carro até a Ponta do Camarão, praia do vilarejo de Caraíva, distrito de Porto Seguro. Estão hospedados na casa de um político aliado. Há uma breve agenda do casal fora da propriedade para visitar amigos.

 

Empregos em alta

Em setembro foram criadas mais de 278 mil novas vagas de emprego no Brasil, em especial nas micro e pequenas empresas – responsáveis por 192 mil vagas, segundo análise de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. Elas correspondem a 69,2% do total de contratações. No acumulado de 2022, o Brasil supera a marca de 2,1 milhões de empregos gerados.

 

Mesários

A Justiça Eleitoral tem um desafio para as eleições municipais de 2026. Cartórios eleitorais têm registrado forte demanda para descadastramento de voluntários para mesários. Hoje, o Brasil conta com quase 1,8 milhão de mesários nomeados, que atuaram nas seções eleitorais desde dia 2 de outubro. Desse total, 48% (praticamente metade) apenas são voluntários, o que deixa a perspectiva mais desafiadora.

 

Turbulência na ilha

A ANAC avisou com antecedência às companhias aéreas que operam no aeroporto de Fernando de Noronha da proibição do pouso de aviões a jato a partir de 12 de outubro, para reforma da pista. GOL e Azul não atentaram para isso a tempo – o que causou a retenção de muitos passageiros no arquipélago. As empresas não têm aviões turbo-hélices para redirecionar de outras rotas sem atrapalhar suas malhas. Centenas ficaram mais dias na ilha, com gastos extras de alimentação e hospedagem caras. Só dias atrás a situação se normalizou com aviões ATRs das empresas na pista. Na Azul, moradores passaram a ter três assentos em cada um dos seis voos diários, como prioridade.

 

Guinada à direita

Lula da Silva terá um grande desafio junto ao Congresso Nacional a partir de janeiro. O perfil da nova Legislatura, na Câmara dos Deputados e no Senado, embora não dominantemente bolsonarista, é de centro-direita em sua grande maioria. A esquerda elegeu 124 deputados (incluindo a federação encabeçada pelo PT, com 79). Outros 235 são do “centrão” com perfil mais conservador. E o restante (154 deputados) orbita entre o centro e a direita. Dos senadores, dois terços são da centro-direita.

 

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Casa, salário e advogados

 

Jair Bolsonaro cuidou de seu futuro. Como revelou a Coluna ontem em sua versão online, na reunião que teve com o ‘dono’ do PL, seu partido, Valdemar da Costa Neto, ele tratou de se blindar a partir de janeiro. E só então se pronunciou à nação no Alvorada. Segundo fontes do Governo, a blindagem caberá a Valdemar através do PL. O partido deve dar garantias a Bolsonaro a partir de 1º de janeiro, como uma casa alugada no Lago Sul em Brasília, um pagamento mensal como conselheiro do partido e defesa jurídica, disponibilizando uma conhecida banca advocatícia da capital para cuidar dos atuais 58 processos que ele responde no STF, e os quais devem “descer” para a 1ª instância. Bolsonaro não tem onde morar em Brasília, se quiser ficar na capital. Mas tem outros destinos os quais a família sugere, a fim de submergir por alguns meses.

 

Poderoso Renan

Renan Calheiros terá em primeira mão a radiografia do novo governo em tempo real. Seu apadrinhado no Tribunal de Contas da União, ministro Bruno Dantas, sugeriu e o PT topou a criação de inédita comissão de acompanhamento do governo de transição. Renan, que não vai ficar de fora da gestão Lula, saberá antes quem é quem na futura administração. E poderá negociar os ministérios e cargos que deseja. Com um trunfo forte: ele elegeu o filho senador, e Paulo Dantas para o Governo de Alagoas.

 

PM na pista

O Brasil tem cerca de 13 mil agentes da Polícia Rodoviária Federal, e destes, 12 mil são filiados à FenaPRF – que está rachada. A corporação está rachada, como um todo. Entre policiais bolsonaristas, lenientes com os bloqueios dos caminhoneiros, e os apartidários, que pedem solução à direção. Bolsonaro perdeu a oportunidade ontem de pacificar o País e mandar seus seguidores aloprados desbloquearem as estradas. Agora, só o cassetete das polícias militares deverá resolver.

 

Festa dos grileiros

Causou surpresa entre advogados – até defensores de sem-terra e sem-teto – a decisão monocrática do ministro do STF Luís Roberto Barroso para que os tribunais de Justiça dos Estados criem comissões de conflitos fundiários para auxiliar na decisão dos magistrados sobre ocupações de terras, irregulares ou não. A decisão pode prejudicar proprietários de terras em centenas de processos no País com a já conhecida procrastinação por parte da defesa de invasores. Prevê até a análise pelo conselho de decisões de 1ª instância que determinem o despejo. Grileiros comemoram.

Outra do Freitas

O deputado estadual eleito pelo PT do Paraná Renato Freitas aprontou mais uma. Atacou em suas redes sociais, classificando como fascistas, crianças do conhecido Colégio Marista, de Curitiba, pelo simples fato de se manifestarem em prol de Bolsonaro no intervalo das aulas na última segunda-feira. No pátio, havia também bandeiras do PT e coleguinhas pró-Lula. Freitas é o vereador que retomou o mandato numa canetada do ministro Barroso (STF), alegando que foi vítima de racismo institucional na cassação pela Câmara da capital. Balela. Ele invadiu uma missa numa igreja católica, fez baderna e desrespeitou o culto, o padre e os fiéis.

 

Plano$ de $aúde

O conselheiro Mário Goulart Maia, do Conselho Nacional de Justiça, fará duras críticas à fiscalização do Governo e às operadoras de planos de saúde no I Congresso do Fórum Nacional do Judiciário para a Saúde, em São Paulo, dias 17 e 18. Para ele, o aumento de processos relacionados à cobertura médica se deve, em boa parte, ao descumprimento de contratos por operadoras e também pela fraca atuação da agência nacional de saúde diante de abusos dos planos.

 

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Centrão pula fora

 

O Progressistas e o PL, que desfilaram aliados do Governo pela Praça dos Três Poderes por quatro anos, começaram a se despedir do atual inquilino do Palácio do Planalto sem constrangimento, com sinais verbais emitidos por expoentes. Primeiro a cumprimentar o presidente eleito Lula da Silva (PT), o bolsonarista (por ora) Arthur Lira deu indicativo de que pretende se sentar com a bancada do PT pela sua reeleição em fevereiro. Do Palácio, o chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, nem esperou um silencioso presidente Jair Bolsonaro reconhecer a derrota, e já avisou que vai tocar o grupo da transição para a volta da administração do PT. E dono do PL, partido ao qual Bolsonaro se filiou para disputar a reeleição, avisou a Lula que está esperando um sinal de apoio para colocar à disposição sua forte bancada de 99 deputados federais eleitos. Seria questão de pouco tempo o rompimento de Valdemar e Bolsonaro. O presidente cobrou fidelidade do cacique, que elegeu uma bancada “valdemariana”, e não bolsonarista.

 

UniBiodiversidade

Um dos mais renomados cientistas brasileiros, Carlos Nobre se aliou a ambientalistas que desejam fundar a Universidade da Amazônia, com um grande e bem equipado centro de pesquisas da rica biodiversidade. O campus seria no coração do Amazonas. Lula da Silva, o presidente eleito, pode topar a ideia. Está nos planos da potencial futura ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

 

Drible no STF

Com desenvoltura de um médico, Flávio Gomes Camacho discursou semana passada em audiência pública no STF em defesa de faculdades que abrem cursos de medicina por força de liminar. Encerrada a sessão, descobriu-se que nunca vestiu um jaleco: é engenheiro, sem qualquer entendimento com o assunto, e que fundou dia 12 de setembro, um mês antes da sessão, a “Sociedade Brasileira de Epidemiologia”.

 

Michelle ao Senado

As aparições da primeira-dama Michelle Bolsonaro em agendas descoladas do marido foram ensaio para 2026. E ela se saiu bem. Com a derrota de Bolsonaro e livre das amarras da lei eleitoral, Michelle deve ser candidata ao Senado pelo DF e pode fazer dobradinha com Damares Alves daqui a quatro anos. Resta saber se o bolsonarismo resiste até lá.

 

Abraço dos afogados

A autofagia da esquerda para criar uma chapa viável ao Governo de São Paulo vitimou o PT e o PSB. Enquanto se digladiavam para decidir quem seria o candidato, Fernando Haddad (PT) e Márcio França (PSB) não viram o crescimento silencioso do ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) entre prefeitos e na ala tucana que não queria nenhum dos dois da centro-esquerda no Palácio Bandeirantes. O PT rifou França (que ainda perdeu o Senado), ex-governador que tinha mais chances que Haddad.

 

32 milhões

O apoio do governador de Minas, Romeu Zema (Novo), e a consolidação do voto no interior paulista ajudaram o presidente Bolsonaro, mas não o suficiente para ser reeleito. Ele obteve 7 milhões a mais de votos em relação ao 1° turno. Lula conseguiu mais 3 milhões, o que rendeu a vitória. Fica o desafio para o TSE de descobrir quem são os 32 milhões de eleitores que, de novo, não foram às urnas. São pessoas que já morreram? É a turma abaixo dos 18 ou acima dos 65 anos que não tem obrigação de votar?

 

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