Douglas Lima

Inversão de significados

E assim o Brasil continua desacreditado pelo mundo.


Política, no seu significado etimológico, é a arte ou ciência de bem governar o povo; arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou estados. Ora, a respeitabilidade dada à ciência é decorrente do seu critério de funcionamento: abordagem, experimentação e conclusão. Neste país, parlamentar condenado, recolhido na cadeia, continua tendo o cargo e o status de deputado. Tem gente que sai do xadrez pra assumir cargo eletivo. O pior: além da população pagar esses elementos como presidiários, ainda tiramos do bolso recursos para os remunerar como parlamentares. “É uma vergonha”, diria Boris Casoy. Mas há quem diga que isso acontece porque vivemos numa democracia que, por sua vez, significa governo do povo, para o povo e pelo povo. Outra falácia: o povo não manda nada. Só faz votar. Quem manda, quem governa, são os eleitos que não estão nem aí para os significados de política e democracia. E assim o Brasil continua desacreditado pelo mundo.

 

Circo

Quem, da minha faixa etária, 60 anos, não se deleitou com espetáculos circenses? O circo foi pra mim a realização de sonhos infantis e adolescentes. Atingiu até a minha juventude, invadiu a fase adulta e ainda hoje é colírio, o melhor dos colírios para os meus olhos. Muito senti, em 2003, quando o melhor e maior circo brasileiro de todos os tempos arriou a lona. O Circo Garcia era famoso no mundo, apesar de suas apresentações se restringirem ao Brasil. Acredito que nenhuma cidade brasileira, pelo menos de médio a longo porte, tenha deixado de abrigar o Circo Garcia. Ele chegou a ser uma febre nacional. Hoje os espetáculos circenses são raros. O Circo Garcia foi embora depois de 75 anos em atividades. Hoje, são poucas, quase nenhuma, essas organizações de espetáculos artísticos no Brasil, mas temos o destaque do Circo Stankowich. No mundo, entretanto, elas ainda existem, não mais tantas como antigamente. Em Paris, por exemplo, há o Cirque d’Hiver; nos Estados Unidos, Big Apple; o Tom Duffy’s, na Irlanda; e o Circo Imperial da China. Não podemos esquecer o Circo do Sol, do Canadá. Mas o que me leva a falar de circo, hoje, é a morte de um deles. Um dos mais antigos do mundo, o Ringling ou Barnum, dos Estados Unidos. Depois de 146 anos de atividades, o Ringling arria a lona, de vez. Apesar dessa decaída, o circo é uma arte que vem desde a Idade Média, mas que, até hoje, ainda tem grande espaço para o público na área do entretenimento, apesar da internet e televisão e de outras criações tecnológicas. Ao circo, minha eterna reverência.

 

História em quadrinhos
Desde 1968, os personagens da história em quadrinhos The Lockhorns trocam grosserias e ironias em sua vida matrimonial. Hoje as tiras são publicadas em mais de 500 jornais, e entretêm milhões de leitores com coisas que o casal diz um ao outro: “Claro que podemos conversar agora. Só não fique em frente da TV.” A esposa, sem deixar de dar respostas ofensivas equivalentes, está pronta para dizer algo assim: “Claro, eu gasto mais do que você ganha, mas tenho confiança em você.”

Ao rirmos, quem sabe descobrimos um pouco de nós mesmos nisso. O sarcasmo é tão comum e muito mais sério do que queremos acreditar. E pode ser mais prejudicial do que as contusões físicas. Salomão disse que há pessoas que usam as palavras como espada (Provérbios 12:18) e que falar com maldade pode esmagar o espírito (15:4).

Controlar nosso falar não é fácil porque o verdadeiro problema não são as nossas palavras, mas o nosso coração. Por detrás dos insultos é bem provável que encontremos em nós mesmos a insegurança, temor ou culpa para nos proteger, à custa de outros.

Será que existe algo positivo em palavras abusivas? Não, a não ser que as tomemos como advertência de que não estamos caminhando com Cristo. Em sua aceitação e graça, não açoitaremos uns aos outros, na tentativa de nos protegermos a nós mesmos. A linguagem abusiva revela o coração pecaminoso.— Mart De Haan


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